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Angola: Povo angolano é o protagonista de "Persona Non Grata", do jornalista Sérgio Ribeiro Soares (C/ÁUDIO e C/VÍDEO)

Lisboa, 22 mai (Lusa) -- O povo angolano é o protagonista de "Persona Non Grata", livro do jornalista Sérgio Ribeiro Soares que é lançado na quarta-feira em Lisboa e que constitui, disse o autor à Lusa, "um ajuste de contas com a memória".

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Lisboa, 22 mai (Lusa) -- O povo angolano é o protagonista de "Persona Non Grata", livro do jornalista Sérgio Ribeiro Soares que é lançado na quarta-feira em Lisboa e que constitui, disse o autor à Lusa, "um ajuste de contas com a memória".

"O grande protagonista do livro é o povo angolano. O livro não será um ajuste de contas, e se for é um ajuste de contas com a minha memória, mas eu achei que devia dar conta de tudo aquilo a que assisti", disse o autor.

Nascido em Malanje, Angola, em 1955, Sérgio Ribeiro Soares é jornalista desde 1976, e exerceu a profissão principalmente em agências noticiosas e na televisão.

Ao serviço da Agência Lusa, foi o primeiro delegado em Angola.

"Assisti a coisas muito difíceis, não para mim mas para o povo angolano e achei que isso devia ser reportado, para não cair no esquecimento. O povo angolano sofreu imenso durante a guerra civil, na ocupação sul-africana, durante a guerra entre o governo e a UNITA: as carências materiais mais gritantes, uma violência gratuita, perseguições, falta de liberdade", destacou.

Sérgio Ribeiro Soares acrescenta que tudo aquilo parece atualmente "muito distante".

"Mas na altura acontecia diariamente, constantemente, a arbitrariedade do poder e eu achei que era altura de se contar como foi esse período", adiantou.

No prefácio, escrito pelo dirigente socialista Vítor Ramalho, também nascido em Angola, na Cáala, província do Huambo, salienta-se que "Persona Non Grata" dá o relato da experiência vivida no conflito angolano, em dois períodos diferentes.

"No primeiro deles, o mundo então dividido exportava uma 'guerra quente' para Angola através de interpostos agentes, enquanto na Europa se desenrolava a 'guerra fria'. No segundo, já sob os efeitos da implosão de um dos pólos da bipolaridade forjava-se a gestação para um novo mundo, globalizado. Em qualquer desses períodos, a metralha falava mais alto que qualquer ação reconciliadora", escreveu Vítor Ramalho.

Para Sérgio Ribeiro Soares, o livro contém também duas partes: "uma biográfica e outra que é uma espécie de cadernos de repórter. A observação de tudo aquilo a que assisti enquanto jornalista. Aí já com um distanciamento maior. Tudo o que se passou em Angola, a guerra civil, a invasão sul-africana, a presença cubana, as conversações tripartidas com vista à retirada cubana, a guerra com a UNITA, tudo isso é relatado".

Sobre a Angola atual, o autor acompanha os relatos da imprensa.

"Naturalmente as coisas estão diferentes. Hoje há paz - o fator número um que altera completamente o panorama da vida em Angola -, há liberdade de imprensa, de expressão, pelo menos estão consagradas na Constituição. Há partidos políticos. Há parlamento. O livro reporta-se a uma época em que não havia nada disso. Havia partido único e havia um movimento de guerrilha, uma guerra civil e uma intervenção externa dos sul-africanos e dos cubanos. São realidades completamente distintas", considerou.

"Daqui para a frente é só crescer, é só melhorar, é só afinar a democracia, os direitos humanos e a qualidade de vida das pessoas e uma melhor redistribuição da riqueza", concluiu.

O primeiro livro de Sérgio Ribeiro Soares, o romance "Laura" (2003), é uma ficção histórica sobre os primórdios da colonização portuguesa em Angola.





EL.





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