40 Anos / 25 Abril

CIA abortou plano para apoiar Spínola no Verão Quente de 1975

Os Estados Unidos tiveram um plano para apoiar  António de Spínola, do movimento anticomunista MDLP, durante o período revolucionário  de 1975, mas foi "chumbado" pela CIA, que foi mantendo "algum tipo de contacto"  com o general. 

António de Spínola
Associated Press

A revelação é feita em documentos do Departamento de Estado até agora  considerados "secretos" e publicados no volume do departamento histórico  do Departamento de Estado sobre a política externa norte-americana, referente  aos anos de 1969-1977 (Foreign Relations of the United States -- Volume  E-15, part II).  

O embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, Frank Carlucci, era contra  qualquer apoio norte-americano ao general do monóculo, que fugiu de Portugal  após a tentativa falhada de golpe de Estado de 11 de março de 1975, e é  isso mesmo que diz a Henry Kissinger numa reunião em Washington em 12 de  agosto de 1975, no Departamento de Estado.  

A secreta norte-americana não estaria, porém, inocente nos contactos  com Spínola, dado que Carlucci recorda, nesse encontro, que viu um relatório  da CIA que "indicava algum tipo de contacto", o que o lhe causa "alguma  preocupação".  

A avaliar pelos documentos agora divulgados pelo Departamento de Estado,  passados os quase 40 anos de classificação, a proposta de apoio a Spínola  circulou entre vários membros do Comité dos 40, um organismo chefiado por  Kissinger para supervisionar operações clandestinas e que incluía os serviços  secretos, a CIA, mas não avançou, de acordo com um documento secreto, datado  de 30 de julho de 1975.  

O documento teve a oposição do Departamento de Estado e da CIA, obtendo  apenas o voto favorável do chefe de estado conjunto das forças armadas norte-americanas,  general George Brown. Para o Departamento de Estado, Spínola "estava descreditado  e  1/8com ele 3/8 não há perspetivas de sucesso" para os objetivos dos EUA.  

Durante o seu exílio após a tentativa falhada de golpe do 11 de março  de 1975, António de Spínola fundou o Movimento Democrático de Libertação  de Portugal (MDLP), tentou apoios em França e no Brasil para um movimento  militar e popular para derrubar o Governo liderado por Vasco Gonçalves e  apoiado pelo PCP.   

Lusa