Celia Castedo que, antes da partida do avião em que seguia a equipa de futebol brasileira do Capecoense, questionou a circunstância de a duração estimada do voo ser igual à autonomia declarada, pediu entretanto asilo no Brasil.
Numa carta publicada hoje pelo jornal boliviano El Deber, a funcionária da empresa Aeroportos e Serviços Auxiliares da Navegação Aérea (AASANA), Celia Castedo escreve que depois do acidente foi alvo de "pressões" por parte dos seus superiores.
A 29 de novembro, no dia posterior ao acidente, a funcionária diz ter sido coagida a "alterar o conteúdo do relatório" que apresentara internamente, elencando as observações sobre o plano de voo submetido pelo comandante da Lamia.
Na missiva, a funcionária da AASANA sustenta que a autorização para a realização do voo não lhe competia, nem do organismo a que pertence, mas sim à Direção Geral de Aeronáutica Civil.
"A minha assinatura e carimbo no plano de voo não representam uma aceitação do documento nem uma autorização a uma aeronave para a realização de um voo", escreveu.
Castedo disse ter apresentado cinco observações ao plano de voo em três ocasiões, a primeira duas horas antes da descolagem e a última vinte minutos antes, todas incidindo sobre a circunstância de a autonomia declarada ser insuficiente para a realização do voo.
As autoridades bolivianas alegam que Castedo apresentou o relatório depois do acidente e sustentaram que Castedo estava obrigada a informar os seus superiores das objeções detetadas e recusar o plano de voo tal como foi entregue pela companhia.
A AASANA suspendeu Castedo no dia 30 de novembro e denunciou-a junto da justiça em Santa Cruz.
O avião da companhia boliviana Lamia despenhou-se na noite de 28 de novembro perto de Medellín. Morreram 71 das 77 pessoas que seguiam a bordo, incluindo a maioria dos jogadores da Chapecoense, dirigentes do clube e membros da equipa técnica, convidados e jornalistas que acompanhavam a equipa, assim como tripulantes do avião.
Sobreviveram seis pessoas, três jogadores, dois tripulantes e um jornalista.
Lusa