No relatório que acompanham os resultados anuais do Santander - que lucrou 5,996 mil milhões de euros em 2015, mais 2,6% que no ano anterior - o Banif vem referido uma vez, no item "[efeitos] Não recorrentes positivos".
Ou seja, o Santander valoriza o Banif nas suas contas em 283 milhões, um valor acima dos 150 milhões que o banco espanhol pagou pela entidade portuguesa.
Na semana passada, no parlamento português, o deputado do PSD António Leitão Amaro pediu o apoio de todas as bancadas para a realização, a par da comissão de inquérito, de uma "auditoria externa e independente" ao processo que levou à venda do Banif ao Santander para apurar as responsabilidades de todos os intervenientes e governos "sem exceção".
Entre as dúvidas que apontou sobre o processo, o deputado social-democrata questionou se o que foi feito "foi mesmo para resolver o Banif ou foi para capitalizar o Santander", considerando que o Santander beneficiou de um "jackpot".
"Porquê este jackpot para o Santander, que apenas pagou 150 milhões de euros para receber um banco limpinho, com ativos de perto de dez mil milhões e mais uma garantia do Estado de 750 milhões, mas sem dar nenhuma garantia de futuro aos trabalhadores", questionou Leitão Amaro, referindo-se à venda do banco realizada em dezembro passado, já com o atual Governo PS.
Face à intervenção do deputado do PSD, PCP, PS e BE foram unânimes nas críticas ao anterior governo PSD/CDS-PP, que acusaram de ocultar dados relevantes sobre o processo durante três anos.
Num comunicado enviado ao regulador do mercado espanhol, a CNMV, o banco liderado por Ana Botín explica que, sem dotações provisionais, os lucros do Santander teriam crescido 13%, para 6,566 mil milhões.
Os 283 milhões de euros atribuídos à compra do Banif foram precisamente para estas dotações (tal como 835 milhões provenientes da reversão de passivos fiscais no Brasil).
Lusa