Boko Haram

Milícia Boko Haram provoca morte de mais de 200 pessoas na Nigéria

Mais de 200 pessoas morreram num ataque perpetrado alegadamente pela milícia islamita Boko Haram, na segunda-feira, no norte da Nigéria, informou hoje a comunicação social nigeriana.

Desde 2009 que os radicais desenvolvem uma sangrenta campanha que causou  já mais de 3.000 mortos e milhares de desalojados (Reuters)
© Afolabi Sotunde / Reuters

Dias depois de, num vídeo da agência noticiosa France Presse, o chefe  do grupo ter reivindicado a autoria do rapto de mais de 200 raparigas numa  escola, a 14 de abril, homens armados, com fardas militares, entraram em  Gamboru, localidade no norte, próxima da fronteira com os Camarões. 

Realizada durante a noite, a invasão a mais de 250 casas, com os terroristas  a dispararem indiscriminadamente, foi testemunhada por pessoas citadas pelo  diário nigeriano "Daily Trust". 

O deputado Abdulrahman Terab, que representa aquela zona do norte da Nigéria na Câmara de Representantes (câmara baixa do parlamento nacional)  referiu que ainda se procede à "contagem de cadáveres". 

"Já se contou mais de 200 e ainda não terminou a tarefa", afirmou. 

Mohammed Abari, de 60 anos, sobreviveu ao ataque e referiu aos jornalistas  que o número de vítimas mortais pode ascender a três centenas. 

"Quando os homens armados chegaram muita gente estava a dormir. Despertei  com o ruído de disparos e os gritos de angústia daqueles que foram atacados  e forçados a saírem das suas casas incendiadas. Não recebemos nenhuma ajuda",  disse. 

O massacre ainda não foi reivindicado, mas as autoridades nigerianas suspeitam que pode ser obra da Boko Haram, responsável por numerosos ataques  no nordeste do país, base espiritual e de operacionais da milícia islamita.

Este ataque coincide com o Forum Económico Mundial de África, que começou  hoje em Abuja, capital da Nigéria, com fortes medidas de segurança perante  a ameaça de Boko Haram. 

As autoridades nigerianas ordenaram o fecho de organismos governamentais  e de escolas durante o evento, para garantir a segurança de políticos, economistas  e filantropos de todo o mundo. 

A escalada de violência na Nigéria despertou naquele país africano um  sentimento de revolta, bem como a comunidade internacional, que condenou  energicamente o rapto das menores a 14 de abril, numa escola de Chibok,  e ofereceu ajuda ao Governo nigeriano no sentido de resgatar as raparigas,  que o chefe do grupo disse que poderão ser vendidas. 

Os Estados Unidos tiveram já luz verde do Governo da Nigéria para o  envio de um conjunto de especialistas. 

A polícia ofereceu uma recompensa de 222 mil euros a quem forneça uma  informação "credível" sobre o paradeiro das menores, as raptadas da escola  de Chibok, e as oito que foram sequestradas em Warabe, no domingo. 

Boko Haram, que significa "a educação não islâmica é pecado", pretende  impor na Nigéria a "sharía", lei islâmica. 

Desde 2009 que os radicais desenvolvem uma sangrenta campanha que causou  já mais de 3.000 mortos e milhares de desalojados. 

Lusa