Brexit

Parlamento Europeu prepara eleições europeias sem contar com o Reino Unido

O Brexit acontece a 29 de março.

Theresa May, primeira-ministra britânica, com o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, num encontro em Bruxelas.
Theresa May, primeira-ministra britânica, com o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, num encontro em Bruxelas.
Yves Herman

O Parlamento Europeu está a preparar as eleições europeias com a "única hipótese" de que o Reino Unido vai abandonar a União Europeia (UE) em 29 de março, confirmou hoje o porta-voz daquela instituição.

"Trabalhamos com a única hipótese de que o Reino Unido vai abandonar a UE em 29 de março. Não temos informação contrária do Governo britânico", respondeu.

Jaume Duch respondia assim às questões relativas à inclusão do Reino Unido nas projeções de votos de todos os Estados-membros, que serão divulgadas a partir da próxima segunda-feira, e à incerteza na definição da reconfiguração da assembleia europeia, causada pelo impasse atual do processo do Brexit.

"Estamos a trabalhar apenas com base em coisas juridicamente decididas, que é que o Reino Unido vai sair da UE em 29 de março, e com ele os seus deputados no PE. Não vamos começar a abrir possibilidades e cenários quando o prolongamento ainda não está em cima da mesa", reiterou, insistindo que a assembleia europeia não está a antecipar uma eventual extensão do período de permanência do Reino Unido no bloco comunitário.

Duch esclareceu, todavia, que se em 2 de julho aquele país ainda for membro da UE, terá de eleger deputados.

"Mas para ter deputados nessa data, tem de organizar eleições europeias", completou.

O porta-voz lembrou ainda que a proposta de reconfiguração do PE pós-Brexit, da qual o eurodeputado socialista Pedro Silva Pereira foi correlator e que já foi aprovada pelo Conselho Europeu, em junho, tem uma cláusula que prevê que a nova composição da assembleia europeia só entra em vigor quando a saída do Reino Unido da UE for efetiva.

A reconfiguração da assembleia europeia prevê que, dos 73 lugares libertados pela saída do Reino Unido, 27 sejam redistribuídos por 14 Estados-Membros, à luz do princípio da proporcionalidade degressiva, enquanto os restantes 46 lugares fiquem vagos, podendo ser utilizados para eventuais futuros alargamentos da União Europeia (UE).

Em entrevista à agência Lusa, Pedro Silva Pereira explicou que quando o Brexit se tornar efetivo, automaticamente a nova composição do PE entra em vigor.

"Naturalmente os deputados britânicos deixam de estar em funções e os países que tinham direito a eleger mais deputados com a nova repartição, vão buscar às suas listas nacionais, aos não eleitos, os necessários para compensar essa situação", detalhou.

Lusa