O autoproclamado presidente interino da Venezuela lançou ontem um apelo à greve geral hoje, num discurso proferido durante os protestos do 1º de Maio em Caracas. Ontem, milhares de pessoas responderam às indicações dadas por Juan Guaidó no Twitter e saíram à rua para dar continuidade à "Operação Liberdade".
O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou os venezuelanos que apoiam o seu Governo para uma jornada nacional de diálogo centrada em mudar a revolução bolivariana. A jornada está marcada para sábado e domingo.
Guaidó assegurou que continuará a "libertar" os presos políticos, depois de ter libertado Leopoldo Lopez na terça-feira, como acrescentou.
Reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países, Guaidó liderou na terça-feira um levantamento militar que não teve seguimento e apelou para manifestações nesta quarta-feira.
Na terça-feira foi libertado o político Leopoldo Lopez, que tinha sido condenado a 14 anos de prisão e que os cumpria em prisão domiciliária.
"Continuaremos a libertar os prisioneiros políticos como Juan Requesens, Gilber Caro", disse o líder da oposição perante apoiantes numa zona perto de Petare, a maior favela da América Latina, a este de Caracas. E acrescentou: "Estamos mais fortes, mais determinados". Guaidó teve esta quarta-feira apoio da população nas ruas, depois de, na terça, ter fracassado o levantamento militar.
Guaidó assegurou que Leopoldo Lopez foi posto em liberdade por funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência, que cumpriram a sua ordem de Presidente interino após lhe ter oferecido "amnistia e garantia de indultos".
Na quarta-feira registaram-se manifestações em Caracas e também noutras cidades da Venezuela.
A organização não governamental Observatório de Conflitos denunciou hoje a morte de uma mulher na quarta-feira durante o segundo dia de protestos contra o Governo do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
"Condenamos o assassinato da jovem Rausseo García (27 anos) com uma bala na cabeça durante uma manifestação em Altamira (Caracas)", escreveu a ONG, na sua conta oficial da rede social Twitter.
Quase 1.700 detidos deste o início do ano
Segundo a organização não governamental Foro Penal foram detidas desde o princípio do ano 1.693 pessoas, por crimes de consciência ou por se manifestarem contra o governo de Nicolás Maduro, ainda que a maior parte já esteja em liberdade.
De acordo com a mesma organização, permanecem detidas 755 pessoas por questões políticas, incluindo opositores do regime, como Roberto Marrero, o principal colaborador de Guaidó.Guaidó disse também que falará "com qualquer funcionário" que o ajude a tirar Maduro do poder e a instalar um governo de transição que convoque eleições livres.
Juan Guaidó desencadeou na madrugada de terça-feira um ato de força contra o regime de Nicolás Maduro, que envolveu alguns militares, e apelou à adesão popular. O regime considerou que estava em curso um golpe de Estado.
Com Lusa