Um tribunal venezuelano declarou sexta-feira a inocência do jornalista Braulio Jatar e ordenou a sua libertação, cinco anos após ter sido preso por suspeita de branqueamento de capitais e divulgar um vídeo sobre protestos contra Nicolás Maduro.
"O Tribunal Segundo de Julgamento do Estado Nova Esparta declarou o jornalista Braulio Jatar 'não culpado'. A sua inocência foi declarada na audiência número 26 e foi-lhe outorgada liberdade plena", anunciou o Sindicato dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP).
O anúncio foi feito através da rede social Twitter, onde o SNTP explica que o jornalista chileno-venezuelano Braulio "Jatar foi classificado pelo Tribunal Internacional de Direitos Humanos como preso de consciência".
"Foi detido em 3 de setembro do ano 2016, depois de publicas na sua página digital informativa, um protesto contra Nicolás Maduro na Ilha de Margarita, e depois acusado de branqueamento de dinheiro", explica o SNTP.
Segundo aquele sindicato, o jornalista "esteve preso em quatro cárceres" diferentes e em 2017 passou a prisão domiciliária".
"O SNTP celebra a liberdade de Braulio Jatar e exigimos ao Estado a reparação dos danos pela detenção injusta a que foi submetido. Ninguém deve ser julgado por pensar diferente e menos por informar, como foi o causo de Braulio. Pedimos respeito pelo exercício do jornalismo", sublinha o sindicado na mesma rede social.
Entretanto, Braulio Jatar divulgou um comunicado através da sua conta do Twitter, explicando que a sua detenção foi realizada "sem cumprir as formalidades da Lei, o que confirma a opinião da ONU" e que "segundo as provas aportadas ao processo não se comprovou que tivesse dinheiro na minha posse e em nenhum caso que fosse ilícito".
O protesto contra a escassez de produtos básicos em 2016
A 2 de setembro de 2016, um grupo de cidadãos protestou contra a escassez de produtos básicos, a tocar em tachos e insultar Maduro, quando o chefe de Estado caminhava por Villa Rosa, na ilha venezuelana de Margarita, a noroeste do país.
Dezenas de pessoas foram detidas e libertadas dias depois, com exceção do jornalista Braulio Jatar, que divulgou através das redes sociais vários vídeos do protesto.
Em 6 de setembro de um tribunal venezuelano ordenou que ficasse em detenção enquanto decorressem as investigações sobre um alegado branqueamento de capitais e a divulgação de um vídeo sobre um protesto contra o Presidente Nicolás Maduro.
Segundo o advogado Aflredo Romero, diretor da ONG Foro Penal Venezuelano, o jornalista chileno-venezuelano é diretor do sítio web Reporte Confidencial.
Braulio Jatar Alonso, que também é advogado, foi o primeiro a divulgar um vídeo, através do Twitter, sobre o alegado momento em que dezenas de pessoas tocando tachos se aproximaram e insultaram o Presidente Nicolás Maduro, protestando contra a escassez de produtos básicos, na ilha venezuelana de Margarita, a nordeste de Caracas.
O governo chileno pediu explicações ao executivo venezuelano sobre a detenção do jornalista, mas Caracas respondeu condenando a "inadmissível ingerência" do Chile, porque o detido era cidadão da Venezuela, estava radicado e exercia a sua atividade económica principal naquele país.
Em 26 de abril de 2017, a ONU e a Comissão Inter-americana de Direitos Humanos (CIDH) emitiram um comunicado conjunto condenando a censura oficial, o bloqueio de espaços informativos, a detenção e ataques a pelo menos 12 jornalistas na Venezuela, entre eles Braulio Jatar.