Crise no Sporting

E agora, Sporting?

A menos de três semanas de uma assembleia geral cuja realização é ainda incerta, o Sporting vive um dos períodos de maior instabilidade dos últimos anos. Um clima de incerteza que pode comprometer os objetivos do clube na próxima temporada.

Desde 15 de maio que o Sporting nunca mais foi o mesmo.

Uma invasão à Academia de Alcochete e um ataque sem precedentes na história do clube acentuaram a crispação em Alvalade e extremaram uma crise interna que havia ganho força no dia anterior, depois de uma reunião entre jogadores, treinador e presidente.

Logo após o ataque, vários elementos do plantel leonino recusaram-se a falar com Bruno de Carvalho e o presidente do Sporting passou rapidamente a figurar, aos olhos de várias personalidades ligadas ao Sporting, como o principal responsável pelo acentuar da crise no futebol leonino e do azedar das relações entre jogadores e adeptos, o que, de certa forma, teria motivado o ataque em Alcochete.

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A final da Taça de Portugal, que ia opor o Sporting ao Desportivo das Aves apenas cinco dias mais tarde, chegou a estar em risco. Ainda assim, os leões foram a jogo. Não trouxeram o troféu mas o gesto valeu-lhes um agradecimento sentido por parte de vários adeptos.

Dias antes, horas depois do ataque, já tinha estalado a guerra interna entre os órgãos sociais do clube.

A Mesa da Assembleia Geral, liderada por Jaime Marta Soares, começou por se demitir em bloco mas a decisão, segundo o próprio dirigente, nunca se chegou a formalizar.

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No meio de um autêntico mar de críticas à direção leonina, sucediam-se as demissões no Sporting. Do próprio conselho diretivo ao departamento médico, passando até pela administração da SAD, foram muitos os que bateram com a porta. Muitos mas não todos.

Bruno de Carvalho rejeitou sempre quaisquer responsabilidades na crise que o clube vivia (e ainda vive). Apontou o dedo a José Maria Ricciardi, à Holdimo e até aos próprios jogadores. E foi nesse ponto que as reações passaram de palavras a atos.

Dias depois do presidente do Sporting ter responsabilizado os jogadores por, de forma involuntária, terem causado o ataque em Alcochete, com um a ser o foco das críticas, a discussão em torno de rescisões por justa causa passou de rumor a certeza.

Rui Patrício, que estava no clube desde os 11 anos, e Daniel Podence, que chegara a Alvalade com uns meros 10, entregaram as cartas de rescisão, alegando justa causa e expondo tudo aquilo por que tinham passado, antes, durante e depois do momento que definiu o extremar da tensão. Mas admitem regressar ao Sporting... com uma condição.

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No plano estrutural, e apesar das várias baixas, a direção liderada por Bruno de Carvalho manteve-se firme. Mas esse não era o desfecho pretendido pela Mesa da Assembleia, que, depois de uma reunião infrutífera entre órgãos sociais, anunciou uma assembleia geral extraordinária para destituir o conselho diretivo, o que Bruno de Carvalho classificou de "bomba atómica":

Também o presidente leonino não se ficou apenas pelas palavras e determinou a substituição da Mesa da Assembleia Geral e a convocação de uma reunião magna para o próximo dia 17, cancelando a AG previamente agendada por Marta Soares para dia 23.

O líder da MAG reagiu, falou em "golpe de Estado", avançou com uma providência cautelar contra a direção do clube e deixou uma garantia:

Já esta terça-feira, foi a vez de Bruno de Carvalho voltar a reiterar, de forma veemente, que "não vai haver" a AG extraordinária e também ele quis deixar uma garantia:

Mas quem tem razão afinal? No programa Tempo Extra desta terça-feira, Rui Santos, que analisou os estatutos do Sporting, concluiu que a atual direção não está a cumprir os regulamentos:

É neste clima de incerteza que os leões preparam a nova temporada desportiva. Sem treinador e com a ameaça de outras rescisões ainda a pairar em Alvalade, a instabilidade interna parece não ter fim à vista. E agora, Sporting?