"A região de floresta onde a UNICEF estava a dar assistência médica no sábado, está localizada na fronteira entre a Serra Leoa e a Libéria, e muitas pessoas fazem negócios e movimentam-se entre as três fronteiras", disse Laurent Duvillier, porta-voz do organismo da ONU, na segunda-feira.
De acordo com Duvillier, citado hoje pela agência Bloomberg, "o risco de propagação internacional deve ser levado a sério".
Em Lofa, no norte da Libéria, cinco pessoas morreram supostamente de febre hemorrágica, causada pelo vírus Ébola, disse Bernice Dahn, chefe do organismo médico da Libéria, numa conferência de imprensa na segunda-feira.
"Até segunda-feira de manhã, foram detetados seis casos, cinco dos quais já resultaram em morte: quatro mulheres e uma criança do sexo masculino", indica, em comunicado divulgado pela AFP, o ministro da Saúde liberiano, Walter Gwenigale, precisando que o sexto caso é o de uma menina que está "em tratamento".
Estas pessoas, cujas nacionalidades não foram especificadas, chegaram à Libéria provenientes do sul da Guiné-Conacri para receber tratamento nos hospitais do norte daquele país, na região de Lofa, perto da fronteira, segundo o ministro, de acordo com a AFP.
Pelo menos 86 casos e 59 mortes foram registados na Guiné-Conacri, segundo o ministério da Saúde daquele país, citado pela Bloomberg.
"O surto da doença pode ser superior aos 59 mortos e o ministério da Saúde fará uma declaração sobre este caso brevemente", sublinhou Albert Damantang Camara, porta-voz do governo de Conacri.
Pelo menos oito profissionais de saúde que entraram em contacto com pacientes infetados morreram, dificultando a resposta e os cuidados normais no país, que já tem falta destes profissionais, segundo a UNICEF.
Dois casos suspeitos de febre causada pelo vírus Ébola na Serra Leoa
"Na segunda-feira, nós fomos informados de casos suspeitos no distrito de Kambia (norte), na fronteira com a Guiné-Conacri", mais ainda não foram confirmados, declarou Brima Kargbo, médico chefe e responsável do ministério da Saúde de Serra Leoa, à imprensa em Freetown.
Segundo Kargbo, um dos casos suspeitos é um jovem de 14 anos, que provavelmente morreu há duas semanas na Guiné-Conacri e o seu corpo foi transportado para sua aldeia, na região de Kono.
O segundo caso suspeito foi identificado na região de Cambia, mas a pessoa está viva, indicou Brima Kargbo, sem dar mais detalhes.
"Nós não temos casos confirmados do Ébola no país. O que temos são casos suspeitos e as nossas equipas de saúde no terreno estão a realizar investigações e a recolher amostras das pessoas que entraram em contacto com estes casos suspeitos", sublinhou.
"É a primeira vez que tal ameaça sobre a saúde do país cruza as nossas fronteiras. Em todo o caso, nós estamos prontos e em estado de alerta no caso de a doença ser diagnosticada no país", declarou ainda.
O Mali, Costa do Marfim, Gâmbia e Guiné-Bissau estão em alerta e a realizar uma monitorização para evitar que a doença chegue até às suas fronteiras.
Com Lusa