Ébola

Famílias escondem doentes com Ébola para evitar discriminação social

A Organização Mundial da Saúde (OMS) denunciou  hoje que famílias na Libéria e Serra Leoa, países seriamente afetados pelo  Ébola, estão a esconder doentes para evitar discriminação social, o que  concorre para a subestimação do número de infetados. 

© Handout . / Reuters

Em nota divulgada na página da Internet, em que questiona "por que a  eclosão do Ébola está a ser subestimada", a agência da ONU refere que a  magnitude do surto, especialmente na Libéria e Serra Leoa, estão a ser avaliada  por baixo por inúmeras razões: muitas famílias escondem os familiares infetados  em suas casas".  

"Como o Ébola não tem cura, alguns acreditam que será mais confortável  para familiares infetados morrerem em casa", enquanto "outros rejeitam a  ideia de que tem um paciente com Ébola e acreditam que o cuidado numa enfermaria  isolada - visto como uma incubadora da doença - vai levar à infeção e morte  certa", afirma a OMS. 

Mas, de acordo com aquela organização, há "um maior medo do estigma  e rejeição social" da parte dos pacientes e familiares quando se confirma  um diagnóstico do Ébola no seio familiar.  

"Estes são surtos de movimento rápido, que criam desafios para os muitos  parceiros internacionais que prestam apoio", refere a agência, que denunciou  ainda que "nas aldeias, os cadáveres são enterrados sem se notificar as  autoridades de saúde e sem qualquer investigação da causa da morte".   

Segundo a OMS, "muitos centros de tratamento e clínicas gerais foram  fechados" naqueles dois países, em parte, porque os pacientes estão com  medo de se deslocar às unidades sanitárias, de onde "as equipas médicas  estão a fugir". 

Por outro lado, em alguns casos, os epidemiologistas têm viajado para  as aldeias e contam o número de sepulturas recentes como sendo um indicador  de casos suspeitos do Ébola, considera a agência. 

De acordo com as Nações Unidas, os centros de saúde da Libéria estão  a viver um fenómeno nunca antes visto desde o surgimento do surto daquela  febre hemorrágica: "assim que uma nova instalação de tratamento é aberta  é imediatamente preenchida com pacientes, muitos dos quais os que não tinham  sido previamente identificados".  

"Este fenômeno sugere fortemente a existência de uma carga de trabalho  invisível de pacientes que não estão a ser detetados pelo sistema de vigilância.  Por exemplo, em Monróvia, capital da Libéria, um centro de tratamento de  Ébola com 20 camas que abriu na semana passada foi imediatamente sobrecarregado  com mais de 70 pacientes", afirma a OMS. 

A epidemia de Ébola já fez 1.350 mortos, desde o início do ano, na Guiné-Conacri  - onde começou o surto -, na Libéria, em Serra Leoa e na Nigéria. 

Lusa