Europeias 2014

Resultado foi "segundo cartão vermelho" ao Governo, segundo CGTP

O secretário-geral da CGTP considera que o resultado  das eleições europeias foi o "segundo cartão vermelho" ao Governo no espaço  de "poucos meses" e questiona o Presidente da República sobre "o que falta"  para convocar eleições legislativas antecipadas.

Lusa
© Jose Manuel Ribeiro / Reuters

Em Braga, para um dia de jornada de luta, Arménio Carlos alertou que  PSD e CDS estão a deturpar a leitura da taxa de abstenção ao "fazerem crer"  que a "elevada" abstenção "legítima" o atual Governo defendendo que a abstenção  "não pode condicionar" a vontade expressa de quem votou. 

Na análise aos resultados das eleições para o Parlamento Europeu, o  sindicalista apontou ainda que o PS "ficou aquém" do resultado que esperava  e que a CDU sai "reforçada" em votos e percentagem. 

"O Presidente da República tem que ter um papel mais do que de cumplicidade  com a política do Governo, deve ter um papel de afirmação da Constituição  e ter em consideração que no espaço de poucos meses, do ponto de vista eleitoral,  o povo português já apresentou dois cartões vermelhos ao Governo", disse.

Assim, questionou, dirigindo-se a Cavaco Silva, "o que é que falta mais para que o Governo seja demitido e possamos ir a votos". 

Isto porque, explicou, o resultado das eleições de domingo reflete "a  maior derrota verificada em todas as eleições do CDS e PSD coligados". 

O que, defendeu, "não só põe em causa a legitimidade do Governo para  exercer funções como também é um resultado fortemente penalizador para as  políticas da 'troika' e para aqueles que subscreveram o memorando da troika".

Arménio Carlos deixou ainda um alerta sobre a leitura da taxa de abstenção  que a coligação PSD/CDS-PP fez. 

"Em democracia as pessoas podem votar ou não. O que não pode haver são  leituras como a que o Governo neste momento está a tentar fazer crer de  que a elevada abstenção legitima a continuação da governação do PSD/CDS",  apontou. 

Segundo o sindicalista "a elevada abstenção não pode condicionar ou  por em causa a opinião que foi manifestada por aqueles que quiseram votar  para exigir outra política e demitir o governo". 

Assim, para o líder da CGTP a leitura dos resultados eleitorais é clara.

"A direita perde em toda a linha, o PS fica aquém dos resultados que  perspetivava, a CDU reforça-se do ponto de vista de mandatos, votos e percentagem.  Temos o aparecimento de uma candidatura protagonizada pelo Marinho e Pinto  que tem um resultado expressivo e temos o BE a perder eleitorado na sequência  do que têm sido as últimas eleições", resumiu.

O PS é o partido com mais mandatos nas eleições europeias de domingo  depois de apurados os resultados em todas as 3.092 freguesias de Portugal  e em 54 dos 71 consulados, segundo dados da Direção Geral de Administração  Interna (DGAI).

Os resultados indicam sete deputados (31,45%) para o PS, seis (27,71%)  para a Aliança Portugal (PSD/CDS-PP), dois (12,68%) para a CDU (PCP-PEV),  um (7,15%) para o Partido da Terra (MPT) e outro (4,56%) para a Bloco de  Esquerda, faltando atribuir quatro dos 21 mandatos de Portugal no Parlamento  Europeu, que dependem dos resultados no estrangeiro.

Lusa