Europeias 2014

Marine Le Pen confiante na formação de grupo de extrema-direita no PE 

A líder da Frente Nacional (FN) francesa,  Marine Le Pen, afirmou hoje não ter "qualquer preocupação quanto à futura  existência" de um grupo de extrema-direita no Parlamento Europeu (PE), mas  admitiu não ter ainda os apoios necessários. 

Líder da Frente Nacional francesa, Marine Le Pen (Reuters)
© Francois Lenoir / Reuters

 Le Pen deu uma conferência de imprensa no Parlamento Europeu, em Bruxelas,  com o líder do Partido da Liberdade (PVV) holandês, Geert Wilders, e responsáveis  do Partido da Liberdade da Áustria (FPOe), da Liga do Norte (LN) italiana  e do partido belga flamengo Vlaams Belang (VB).  

Para constituir um grupo político no PE são precisos pelo menos 25  deputados de sete países da UE.  

A líder da extrema-direita francesa admitiu na conferência de imprensa  que, neste momento, conta apenas com deputados de cinco países, mas, sublinhou,  com "uma base extremamente sólida de 38 deputados" (24 da FN, 4 do PVV,  5 da LN, 4 do FPOe e 1 do VB).  

"As combinações possíveis são consideráveis", disse, acrescentando  que "o número de possibilidades" deixa os líderes destes cinco partidos  "extremamente otimistas". 

Le Pen disse que "outros partidos" manifestaram vontade de constituir  um grupo, referindo-se, sem nomear, ao Partido da Independência do Reino  Unido (UKIP) de Nigel Farage. "O próprio princípio de negociações exige  discrição", disse, acrescentando depois: "Lamento Nigel, mas vamos constituir  um grupo". 

"Estou muito confiante que nas próximas semanas sejamos capazes de  juntar sete partidos", disse por seu lado Geert Wilders. 

A FN, que venceu as eleições europeias em França, elegendo 24 deputados,  já tinha anunciado a intenção de formar um grupo de extrema-direita com  o PVV de Wilders, a Aliança Europeia pela Liberdade. 

O UKIP, que foi o outro grande vencedor eurocético das europeias, elegendo  também 24 eurodeputados, liderava no PE cessante o grupo Europa da Liberdade  e da Democracia (ELD), que incluía partidos eurocéticos de países como a  Polónia ou Itália. 

Até agora, Nigel Farage excluiu integrar um grupo com a Frente Nacional,  por considerar que o partido de Marine Le Pen tem o antissemitismo "no seu  ADN", mas não excluiu a possibilidade de uma frente comum eurocética. 

Nigel Farage pode vir a reunir o apoio de partidos eurocéticos escandinavos  como Os Finlandeses (2 deputados), os Democratas da Suécia (2) ou o Partido  Popular dinamarquês (4). Não está por outro lado excluído que os anti-euro  Alternativa para a Alemanha (AfD), que elegeu 7 eurodeputados, Gregos Independentes  (1) ou mesmo o Movimento 5 Estrelas (17) possam juntar-se ao UKIP.  

O partido eurocético britânico poderá ter de disputar com a Frente  Nacional partidos como o lituano Ordem e Justiça (2) ou o polaco KPN (4).

Tanto Nigel Farage como Marine Le Pen recusam aliar-se aos partidos  da extrema-direita radical Aurora Dourada (3), da Grécia; Jobbik (3), da  Hungria, ou NPD (1), da Alemanha. 

Um grupo político no PE confere influência e meios financeiros adicionais  aos partidos que o compõem. 

Os membros de um grupo podem assumir a presidência de uma das 20 comissões  e duas subcomissões parlamentares, participam na definição da agenda das  sessões plenárias e beneficiam do direito de responder diretamente no plenário  aos presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu. 

Financeiramente, têm direito a um secretariado, escritórios e assessores  pagos pelo PE.  

Em 2013, os sete grupos políticos do PE partilharam um orçamento de  57 milhões de euros para esses fins. Dependendo do número de eurodeputados  que o constituam, um grupo pode receber entre um e três milhões de euros  por ano. 

A primeira sessão do PE saído das eleições europeias de 22-25 maio  está marcada para 01 de junho. 

Lusa