Cerca de dez mil chineses esperaram durante horas para comprar os bilhetes, que na altura custaram cinco yuan (68 cêntimos de euro), para o espetáculo realizado no Ginásio do Povo, no nordeste de Pequim.
"Foi a primeira vez que uma banda ocidental atuou na China, toda a gente se queria levantar e fazer barulho", contou à Associated Press Li Ji, o proprietário de um restaurante que esteve no concerto.
"Mas havia tantos polícias, que ninguém se atrevia", recorda.
Simon Napier-Bell, o representante do grupo, passou 18 meses a persuadir as autoridades chinesas a permitir a atuação do grupo, utilizando o argumento de que o espetáculo iria ajudar a trazer investimento estrangeiro para o país.
A China tinha acabado de adotar a política de reforma e abertura, pondo termo a décadas de ortodoxia maoista.
A polícia manteve os espetadores sentados, enquanto aqueles que se levantavam para dançar eram levados para fora da sala.
O grupo influenciou também vários músicos chineses, que nunca antes tinham visto uma atuação ao vivo com guitarras elétricas e passaram a interessar-se por Rock and Roll.
Entre eles destaca-se Cui Jian, um antigo trompetista da Orquestra Filarmónica de Pequim, que se viria a tornar o "pai do rock chinês".
Durante a Revolução Cultural (1966-1976), o rock esteve banido da China, por ser considerado "reacionário" e "burguês".
Aquele género de música começou a ganhar adeptos entre a juventude chinesa na década seguinte, sobretudo através de bandas de Hong Kong, então sob domínio britânico, e cassetes que chegavam ao país via diplomatas ou estudantes estrangeiros.
A televisão estatal CCTV passou hoje alguns momentos do concerto dos Wham! em Pequim, que recordou como tendo sido "impressionante".
Lusa