Legislativas 2019

Luto, choco frito e o apelo ao voto refletido - Um dia na campanha do CDS

Na reta final para as Legislativas 2019, a campanha do CDS-PP foi encurtada. Com a morte do fundador, Freitas do Amaral, o partido optou por cancelar a tarde de arruada em Lisboa e dar a corrida por encerrada num almoço em Setúbal.

Luto, choco frito e o apelo ao voto refletido - Um dia na campanha do CDS
Cláudia Monarca Almeida

De saída da estação ferroviária de Setúbal, pelas ruas pedonais da cidade, são muitos os cartazes azuis que vemos pelo caminho. Só que o azul não é o tom certo desta campanha, não é o azul-claro-CDS.

Chegados à Avenida Luísa Todi, já há mais salpicos de cor. Uns cartazes amarelos por aqui, uns vermelhos por ali e até alguns brancos e azuis por acolá. Mas nenhum da cor certa.

A campanha não era para ter acabado assim. Quem anda na estrada encontra sempre imprevistos e desta vez foi a morte de Freitas do Amaral, o fundador, que apanhou o CDS de surpresa. O luto obrigou a ajustes de última hora e, com as cerimónias fúnebres marcadas para sexta-feira à tarde, o partido optou por encerrar a campanha mais cedo para permitir aos militantes prestarem uma última homenagem ao fundador.

E é por isso que aqui estamos, num território de Esquerda, onde o PS chegou a ganhar em 2015.

O restaurante é familiar e a comitiva não é grande - duas mesas corridas e mais uns lugares aqui e ali. São tantos como os locais e turistas que almoçam nas mesas mais junto à porta. Este era afinal para ser um almoço só de passagem, sem a pompa e circunstância pelo qual um encerramento costuma pautar.

A mudança de planos repentina ainda se faz notar. Quando um almoço informal passa a encerramento há que improvisar e preparar um cantinho para os discursos fora do guião.

Assunção Cristas chegou mais cedo do que o previsto. Se houve entrada com aplausos, não sabemos. Os jornalistas ainda não estavam cá para ver. No entanto, trouxe reforços. À direita de Cristas senta-se Nuno Magalhães, o líder da bancada. À esquerda, Paulo Portas, o antecessor. Na mesa atrás, Pedro Mota Soares, deputado e o número dois às europeias que ficou fora de Bruxelas.

Mas há algo mais que salta logo à vista de quem entra no restaurante. Vestidos de azul ou branco, são poucos os que fogem ao "uniforme" democrata-cristão, formando uma palete de cores que cria quase um efeito estético.

Isso são considerações para quem tira fotografias. Por aqui, as atenções já estão noutro lado. À mesa, está servida a salada de polvo. O choco frito - petisco típico da terra - virá mais tarde.

Lá para o fim da refeição, começam as intervenções. O tilintar do talher contra um copo, em jeito de casamento, dá sinal de que estão prestes a começar.

O primeiro é Nuno Magalhães. Numa intervenção que se impõe breve - como todas as que se seguirão - há um apelo ao voto. "Quem não está contente com a atual situação governativa, quem não quer radicalismos ambientalistas" deve votar CDS, porque - defende o deputado - se o partido perder força no distrito, quem ganha é o BE e o PAN. Há também um agradecimento "às gentes de Setúbal" que votam CDS e que “tanto trabalharam” com ele no caminho para as eleições.

Cláudia Monarca Almeida

Na mesma linha segue Portas. "Todos sabemos o que é fazer campanhas difíceis e surpreender nos resultados. Assim foi e assim será", afirma em jeito de elogio a Cristas. "É preciso travar o discurso de arrogância do poder", acrescenta como crítica ao PS.

E por fim vem Cristas. A líder alonga-se um pouco mais em agradecimentos individuais a quem aqui está. E depois apela também ao voto “refletido”. "Ser do CDS é ser uma voz às vezes isolada, às vezes singular, mas uma voz corajosa, naquilo que nós acreditamos", declara.

Há aplausos e um abraço de Portas, que logo a seguir saí a correr. Servem-se os cafés e, aos poucos, os militantes começam a dispersar. Informal foi sem dúvida a palavra para o fim da campanha do CDS.

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