Preferia, como a esmagadora maioria dos portugueses, ver a seleção nacional defrontar, nos oitavos de final do Europeu, a Suíça (para isso era necessário a equipa das quinas ter conquistado o primeiro lugar do Grupo F), ou a Inglaterra – aqui as opiniões, segundo consegui perceber, já não eram tão unânimes -, isso só teria sido possível se Portugal tivesse conseguido a segunda posição após os três primeiros jogos, do que defrontar, em Sevilha, este sábado, a Bélgica, que levou de vencida os três rivais na primeira fase e ocupa “só” o primeiro lugar do “ranking” FIFA. Porém, quem joga como os portugueses jogaram frente ao campeão mundial França, também é capaz de levar de vencida, com o necessário respeito, aquela que é, realmente, uma das seleções do momento.
Os portugueses sentem-se mais confortáveis nos jogos “mata-mata” – ideia do léxico futebolístico introduzida no nosso país pelo inesquecível Luiz Felipe Scolari -, como se provou no Euro-2106, e é a partir de agora que se joga tudo, aquele em que não há margem de erro, em que é ganhar ou ganhar. No tempo regulamentar, no prolongamento ou na decisão por pontapés de penalty, de preferência a jogar bem, pois continuo convicto de que quando se joga bem, ou melhor do que o adversário, se está sempre mais perto de somar a vitória. Assim, é com este espírito que a equipa de Fernando Santos deve encarar os belgas. Porque…
Porque, objetiva e concretamente, Portugal, o campeão da Europa em título, provou frente à França que, com aquela qualidade de jogo – não foi de nos deixar a babar, mas foi se qualidade muito superior à exibida nos jogos com Hungria e Alemanha -, com a equipa equilibrada e envolvida em todos os parâmetros que jogo exige, criando dificuldades ao adversário, como verdadeiramente criou, pode aspirar, sem exageros, a levar de vencida quem lhe surgir pela frente. Porque a equipa recuperou do desastre alemão, o selecionador foi fundamental porque retificou como se impunha e não fora uma decisão controversa de Mateo Lahoz, o resultado até podia ser aquele que o grupo justificava e em vez de jogar em Sevilha, viajar até Bucareste.
DE BRUYNE, LUKAKU, COURTOIS E… OS LUSOS?
A Bélgica joga um belo futebol, pois tem alguns dos melhores intérpretes da atualidade, mas ainda não deu aquele passo que já devia ter dado: conquistar um título. Portanto, com as devidas cautelas – a última vez que os belgas venceram os lusos foi em 6 de setembro de 1989 (3-0), num apuramento para o Mundial-90, enquanto o último confronto foi de preparação, em junho de 2018, e aconteceu um nulo -, a equipa das quinas pode jogar com isso. Ficou em 3.º lugar no Mundial da Rússia, mas tem-se ficado pelas promessas. No último Europeu, por exemplo, como muitos dos atuais futebolistas, foi eliminada com um escandaloso 1-3 frente ao País de Gales. Só que, desde 2016 até hoje… os belgas cresceram muito.
De Bruyne, futebolista do Man. City, será, seguramente, o melhor médio criativo da atualidade e tudo o que sai dos seus pés é quase sempre bonito e eficaz. Lukaku, rival de Cristiano Ronaldo no que diz respeito a golos em Itália, vive um dos melhores momentos da sua carreira. Fisicamente “indestrutível” vai ser o “cabo dos trabalhos” para Pepe e Rúben Dias. E há, também, um dos melhores guarda-redes da atualidade: Courtois. Do alto dos seus quase dois metros (falta um centímetro), agilidade e reflexos será mais um problema para o ataque português. Mas há mais: Eden e Thorgan Hazard, Denayer, o nosso conhecido Vertonghen, Carrasco, Mertens ou Tielemans.
Ok, a Bélgica tem esta gente toda, mas Portugal não tem? Claro que tem, como se viu com os franceses: Rui Patrício, Pepe, Danilo, Renato Sanches, João Moutinho, Palhinha e… CR7! O que mais interessa em Sevilha é chegar aos “quartos”, mas quando o craque só necessita de um golo para se tornar o melhor marcador de sempre da história das seleções, o melhor será não facilitar. Acredito que o capitão não irá para o relvado a pensar nisso, pois em primeiro está sempre a equipa, mas caso não lhe deem muita atenção… Até porque está “on fire”. Ou não tivesse marcado cinco golos em três jogos. Ele que lidera a lista de melhores marcadores da competição. Portanto, caros belgas: o melhor é não se distraírem, mas se puderem…