Mundial 2014

Fernando Henrique Cardoso afirma que "nada justifica" altos gastos com estádios 

O ex-Presidente brasileiro Fernando Henrique  Cardoso criticou os altos gastos do governo do país com o Mundial2014, em  entrevista publicada hoje pelo jornal israelita Haaretz. 

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© Paulo Whitaker / Reuters

"Não há nada que justifique isso", afirmou sobre os gastos com estádios,  durante uma visita a Israel, onde recebeu um doutoramento 'Honoris Causa'  na Universidade de Telavive.  

O ex-Presidente afirmou ainda que o atual governo de Dilma Rousseff,  do Partido dos Trabalhadores (PT), poderá ser prejudicado nas próximas eleições,  marcadas para outubro, pela insatisfação da população com os altos gastos  com o evento, mas somente caso a seleção brasileira não vença o Mundial. "No caso de vitória (do Brasil), as pessoas vão esquecer isso (falhas  na organização do evento)", disse Cardoso na entrevista ao diário israelense.

Rousseff é a pré-candidata do PT às eleições presidenciais, enquanto  Cardoso apoia o social-democrata Aécio Neves, do Partido da Social Democracia  Brasileira, a sua formação política. 

Movimentos sociais brasileiros têm criticado o atual Governo por gastar  verbas públicas para ajudar a fazer estádios, e exigido mais investimentos  em áreas como saúde, educação e transporte.  

Cardoso também admitiu que, quando foi presidente (1995-2002), tentou  levar para o Brasil um mundial de futebol, mas não obteve sucesso. Ele questionou,  entretanto, a decisão de o país receber, em dois anos, o Mundial2014, com  12 cidades-sedes e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (2016). "Talvez ter simultaneamente o Mundial e a Olimpíada seja muito", afirmou.

O ex-Presidente brasileiro foi reconhecido pela Universidade de Telavive  pelos seus esforços na "promoção da paz e dos direitos humanos, por sua  amizade com Israel" e por ser um "intelectual, homem de Estado e respeitado  líder nacional". Durante a sua estada em Israel, Fernando Henrique Cardoso foi recebido  pelo Presidente israelita Shimon Peres.  

Segundo o Haaretz, o ex-Presidente brasileiro afirmou que não perdeu  as esperanças nas conversas entre israelenses e palestinos, na busca de  um acordo de paz.  

 

     

Lusa