Orçamento do Estado 2018

Governo disponível para melhorar na especialidade alterações para trabalhadores independentes

O primeiro-ministro manifestou hoje disponibilidade para, na discussão na especialidade do Orçamento do Estado, melhorar o novo regime criado para os trabalhadores independentes, admitindo que possa haver situações, como as dos pequenos agricultores, que ficam prejudicados com a mudança.

Governo disponível para melhorar na especialidade alterações para trabalhadores independentes
MIGUEL A. LOPES

António Costa respondia ao primeiro pedido de esclarecimento no debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2018, que ficou a cargo do vice-presidente da bancada do PSD António Leitão Amaro.

"Há um problema em algumas situações para rendimentos de categoria B e, certamente, em sede de especialidade estamos disponíveis para encontrar resposta para essas situações, designadamente para situações de pequenos agricultores que possam estar a ser afetados", assegurou António Costa.

António Leitão Amaro tinha acusado o Governo de "atacar" os trabalhadores independentes na proposta orçamental do próximo ano, salientando que milhares seriam "castigados com um aumento de impostos na ordem dos 15 ou 20%".

Na resposta, o primeiro-ministro sublinhou que o Governo alargou a dedução específica para estes profissionais e criou um mecanismo que não contém uma elevada carga burocrática.

"Conseguimos criar uma situação onde, garantidamente, 90% dos titulares de rendimentos da categoria B pagarão menos IRS com o novo modelo. Mas se é possível melhorar, estamos disponíveis para melhorar", assegurou.

Na proposta de Orçamento para 2018, o Governo prevê uma alteração do regime simplificado de tributação dos trabalhadores independentes em sede de IRS, onde se incluem os profissionais liberais (como advogados, cabeleireiros, explicadores, jornalistas, dentistas, veterinários e lojistas) mas também os trabalhadores com atividades comerciais ou industriais e com atividades agrícolas, silvícolas ou pecuárias.

Atualmente, este regime permite que não sejam consideradas as despesas suportadas com a atividade no apuramento do rendimento tributável dos chamados 'recibos verdes', sendo aplicado um coeficiente para esse efeito, que, na prática, funciona como uma dedução automática ao rendimento, fazendo com que o imposto incida apenas sobre uma parte do rendimento.

Por exemplo, o rendimento ganho pelos profissionais liberais é considerado apenas em 75% devido à aplicação de um coeficiente de 0,75 que se traduz numa dedução automática de 25%.

Na proposta do OE2018 são introduzidas alterações ao regime simplificado no sentido de limitar aquelas deduções automáticas, uma medida que tem sido amplamente criticada por vários fiscalistas e que o Governo já admitiu poder ser clarificada no debate parlamentar.

Lusa