Ricardo Costa indica que é importante avaliar o precedente do caso de Tancos, aponta arbitrariedade na Justiça militar e defende, contudo, que Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa poderiam ter sido posteriormente informados sobre as suspeitas.
Ricardo Costa começa por referir que "os constitucionalistas estão a retirar as coisas dos contextos e os precedentes" e aponta para o caso de Tancos, em que refere que o mesmo caso "explica a prática de João Gomes Cravinho" relativamente à alegada rede de tráfico nas Forças Armadas.
Continua a apontar que constitucionalistas, militares e outros elementos da sociedade criticam bastante o atual ministro da Defesa, não se relembrando do que correu mal com a investigação de Tancos.
"Em Tancos, todos tinham conhecimento e o que se passou foi uma pouca vergonha: uma guerra entre polícia civil e militar, uma guerra entre a justiça civil e militar, incriminações, subversão de processos em investigação. Para salvar um ramo militar e, no limite, safar da prisão alguns colegas de armas", acrescenta.
Ricardo Costa aponta, ainda, que "Azeredo Lopes [ex-ministro da Defesa] geriu pessimamente [o processo] e foi queimado pelos próprios militares, que disseram que sabia de tudo".
"Portanto, o caso de Tancos deixou feridas", aponta, acrescentando que o mesmo processo "fez perceber que a Justiça militar é arbitrária".
Termina a referir que, apesar da explicação dada, num passado mais recente, Presidente da República e o primeiro-ministro deveriam ter sido informados, pois, nesse momento, já não estaria em causa o desenrolar do processo.
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