Óscares 2010

Vida de Mandela contada por Clint Eastwood estreia nas salas de cinema portuguesas

O renascimento da África do Sul não teria sido possível sem a liderança, carisma e personalidade de Nelson Mandela que permitiram evitar que o país se tenha tornado num outro Afeganistão, afirmou o jornalista John Carlin. Carlin é autor do livro "Playing the enemy"  (Invictus -- O Triunfo de Nelson Mandela), que recorda o período de transição  entre a libertação de Mandela e o início da sua presidência, e que inspira  o novo filme de Clint Eastwood, que hoje estreia em Portugal.

Mandela apelou sempre à reconciliação nacional, poupando a África do Sul a uma guerra civil
"Mandela é o grande sedutor. O político perfeito, que procura seduzir e conquistar mentes e corações, persuadir", disse o antigo jornalista do The Independent, correspondente na África do Sul entre 1989 e 1995.



"O Mandela fez isso melhor do que ninguém antes, num contexto democrático de persuasão. Sem usar a pancada para persuadir. Não conheço ninguém que tenha estado na sua companhia e não se tenha totalmente rendido ao seu charme, personalidade e integridade", afirmou.



Carlin é dos jornalistas que acompanhou o processo de libertação de Mandela, há 20 anos, e os primeiros anos de transição pós-apartheid, fonte para o livro "Playing the enemy" (Invictus -- O Triunfo de Nelson Mandela), que inspira o novo filme de Clint Eastwood e que tem como clímax a final do mundial de Rugby de 1995, e que hoje se estreia em Portugal.



Uma das grandes conquistas de Mandela é aliás, na opinião de Carlin, essa final e o que traduziu -- "conquistar a África do Sul branca (...) que tinha sido programada para o ver como o grande terrorista, o Osama Bin Laden da África do Sul".



"Em cinco anos, nesta final de rugby, toda a África do sul e praticamente toda a África do Sul branca estava a seus pés coroando-o como o seu rei",
afirmou.



A outra grande conquista política "extraordinária, sem precedentes em política democrática" foi de "persuadir o seu próprio povo a evitar a vingança e a embarcar no caminho da reconciliação depois de séculos de humilhação as mãos da minoria branca".







O grande amor de Graça




Graça Machel é o grande amor da vida de Nelson Mandela e uma mulher impressionante pelas suas qualidades pessoais e políticas, sendo co-protagonista de um história de amor que dá esperança a todos, independentemente da idade que tenham.



"É uma história muito bonita. Que Mandela no seus 80 aniversário se case com a mulher que foi o grande amor da sua vida. Algo que, aparte de tudo o resto, nos dá esperança a todos nós, que esteja com mal de amores, tenha 50, 60 ou 80 anos", explica o jornalista.



"Graça Machel é impressionante. Vi-a em fóruns onde estavam meia dúzia de pessoas, individualidades impressionantes, e depois a Graça falava e estava num nível diferente de inteligência, clareza e carisma", explica.



"Das três mulheres de Mandela é a que mais se adequa a ele, pela suas qualidades como pessoa, mas também pelas suas qualidades políticas. É uma pena que não se tenham conhecido antes. Mas também antes ela estava casada com Samora Machel", comenta.



Hoje, explica, Nelson Mandela está praticamente fechado em casa, com a memória mais recente a começar a falhar, e Graça Machel continua a correr o mundo, "uma mulher no espírito Mandela".



Lusa