"O Mandela fez isso melhor do que ninguém antes, num contexto democrático de persuasão. Sem usar a pancada para persuadir. Não conheço ninguém que tenha estado na sua companhia e não se tenha totalmente rendido ao seu charme, personalidade e integridade", afirmou.
Carlin é dos jornalistas que acompanhou o processo de libertação de Mandela, há 20 anos, e os primeiros anos de transição pós-apartheid, fonte para o livro "Playing the enemy" (Invictus -- O Triunfo de Nelson Mandela), que inspira o novo filme de Clint Eastwood e que tem como clímax a final do mundial de Rugby de 1995, e que hoje se estreia em Portugal.
Uma das grandes conquistas de Mandela é aliás, na opinião de Carlin, essa final e o que traduziu -- "conquistar a África do Sul branca (...) que tinha sido programada para o ver como o grande terrorista, o Osama Bin Laden da África do Sul".
"Em cinco anos, nesta final de rugby, toda a África do sul e praticamente toda a África do Sul branca estava a seus pés coroando-o como o seu rei", afirmou.
A outra grande conquista política "extraordinária, sem precedentes em política democrática" foi de "persuadir o seu próprio povo a evitar a vingança e a embarcar no caminho da reconciliação depois de séculos de humilhação as mãos da minoria branca".

O grande amor de Graça
Graça Machel é o grande amor da vida de Nelson Mandela e uma mulher impressionante pelas suas qualidades pessoais e políticas, sendo co-protagonista de um história de amor que dá esperança a todos, independentemente da idade que tenham.
"É uma história muito bonita. Que Mandela no seus 80 aniversário se case com a mulher que foi o grande amor da sua vida. Algo que, aparte de tudo o resto, nos dá esperança a todos nós, que esteja com mal de amores, tenha 50, 60 ou 80 anos", explica o jornalista.
"Graça Machel é impressionante. Vi-a em fóruns onde estavam meia dúzia de pessoas, individualidades impressionantes, e depois a Graça falava e estava num nível diferente de inteligência, clareza e carisma", explica.
"Das três mulheres de Mandela é a que mais se adequa a ele, pela suas qualidades como pessoa, mas também pelas suas qualidades políticas. É uma pena que não se tenham conhecido antes. Mas também antes ela estava casada com Samora Machel", comenta.
Hoje, explica, Nelson Mandela está praticamente fechado em casa, com a memória mais recente a começar a falhar, e Graça Machel continua a correr o mundo, "uma mulher no espírito Mandela".
Lusa