A informação é adiantada na edição de hoje do diário alemão Suddeutsche Zeitung: "Agentes secretos utilizaram em grande medida os serviços do gabinete" panamiano, escreve o diário de Munique.
Segundo o Suddeutsche, "agentes secretos abriram sociedades-ecran para dissimular as suas ações (...). Entre estes estavam também intermediários próximos da CIA", um dos serviços de informações dos EUA.
Entre a "clientela" de Mossack Fonseca estão "alguns atores" das vendas secretas de armas ao Irão nos anos 1980, o designado "Irão-Contra", um escândalo sobre as vendas secretas de armas dos EUA a Teerão.
Os Panama Papers mostram também que "atuais ou antigos responsáveis de alto nível dos serviços secretos de pelo menos três países (...) Arábia Saudita, Colômbia e Ruanda" estão entre os clientes do gabinete, adianta o título.
Entre estes estava o xeque Kamal Adham, antigo dirigente dos serviços de informações sauditas, falecido em 1999, que "passava por ser nos anos 1970 um dos principais interlocutores da CIA no Médio Oriente", afirma o diário alemão.
A maior investigação jornalística da história, divulgada na noite há uma semana, envolve o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), com sede em Washington, e destaca os nomes de 140 políticos de todo o mundo, entre eles 12 antigos e atuais líderes mundiais.
A investigação resulta de uma fuga de informação e juntou cerca de 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da empresa panamiana Mossack Fonseca, especializada na gestão de capitais e de património, com informações sobre mais de 214 mil empresas "offshore" em mais de 200 países e territórios.
A partir dos Panama Papers, a investigação refere que milhares de empresas foram criadas em "offshores" e paraísos fiscais para centenas de pessoas administrarem o seu património, entre eles rei da Arábia Saudita, elementos próximos do Presidente russo Vladimir Putin, o presidente da UEFA, Michel Platini, e a irmã do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.
O semanário Expresso e o canal de televisão TVI estão a participar nesta investigação em Portugal.
Lusa