Ataque ao Charlie Hebdo

Conselho francês do culto muçulmano condena "ato bárbaro"

O Conselho francês do culto muçulmano (CFCM), instância representativa dos muçulmanos de França, condenou hoje como um "ato bárbaro" o sangrento atentado de inspiração islamita contra o semanário Charlie Hebdo em Paris.  Também a  Liga Árabe e a Al-Azhar, a principal autoridade do Islão sunita, condenaram o atentado terrorista.

O presidente do Conselho francês do culto muçulmano e imã da Grande mesquita de Paris, Dalil Boubakeur, ao centro, com o Presidente francês, em Fevereiro de 2014.
© POOL New / Reuters
"Este ato bárbaro de extrema gravidade é também um ataque contra a democracia e a liberdade de imprensa", afirmou o  CFCM, que representa a primeira comunidade muçulmana da Europa (entre 3,5 a 5 milhões de membros), e que se exprimiu em nome dos "muçulmanos de França". 

O seu presidente, Dalil Boubakeur, também imã da Grande mesquita de Paris, deverá deslocar-se ao local do ataque ao início da tarde, referiram responsáveis da comunidade à agência noticiosa AFP.  

O atentado perpetrado por dois homens encapuzados e fortemente armados provocou pelo menos 12 mortos, dizimando a redação do Charlie Hebdo. Stéphane "Charb" Charbonnier, 47 anos e diretor da publicação, Jean "Cabu" Cabut, 76 anos, Georges Wolinksi, 80 anos, e Verlhac "Tignous" Bernard, 58 anos, incluem-se entre as vítimas do ataque. 

Segundo testemunhas, os agressores gritaram "Vingámos o Profeta!", afirmou fonte policial. 

O CFCM exprimiu ainda a sua "solidariedade" com as vítimas e as suas famílias "face a um drama com dimensão nacional". 

"Num contexto político internacional de tensões alimentado por delírios de grupos terroristas que se aproveitam injustamente do islão, apelamos a todos os que estão associados aos valores da República e da democracia que evitem as provocações que apenas servem para deitar gasolina no fogo", prosseguiu o Conselho. 

A instância apela ainda à comunidade muçulmana "para permanecer vigilante face às eventuais manipulações proveniente de grupos com objetivos extremistas, quaisquer que elas sejam". 

Num comunicado distinto, a União das organizações islâmicas de França (UOIF), próxima da Irmandade Muçulmana, condenou "da forma mais firme este ataque criminoso e estas mortes horríveis". 

Em declarações à AFP, o grande rabino de França, Haim Korsia, referiu-se a um "tempo de luto onde todos devem estar unidos". 

"Neste momento precisamos de união nacional e de defender o conjunto das nossas liberdades, incluindo a liberdade de expressão", prosseguiu o chefe religioso da primeira comunidade judaica da Europa, com 500.000 a 600.000 membros. 

"De seguida será necessária uma resposta forte do Governo, porque numa sociedade democrática é a força legítima que domina a violência", afirmou ainda. 

Liga Árabe e Al-Azhar condenam "ataque criminoso"

"O chefe da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, condena energicamente o ataque o ataque contra o jornal Charlie Hebdo em Paris", referiu a organização em comunicado. 

À semelhança da instituição pan-árabe, a universidade Al-Azhar, igualmente com sede no Cairo, deplorou um "ataque criminoso", sublinhando que "o Islão denuncia qualquer violência. 

Numa declaração em separado à agência noticiosa AFP, Abbas Shoman, um alto responsável da Al-Azhar, disse que a instituição "não aprova o uso da violência mesmo que seja em resposta a qualquer ofensa cometida contra os sentimentos sagrados dos muçulmanos". 


Com Lusa