Passos deixa mensagem de condolências na Embaixada de França
O primeiro-ministro português deslocou-se hoje à Embaixada de França em Lisboa para deixar uma mensagem de solidariedade e pesar no livro de condolências aberto após o ataque de quarta-feira ao jornal satírico francês Charlie Hebdo. Entretanto, também esta sexta-feira, o Parlamento aprovou por unanimidade um voto de condenação.
TIAGO PETINGA/LUSA
Pedro Passos Coelho, que não prestou declarações aos jornalistas, foi recebido pelo embaixador de França em Portugal, Jean-François Blarel, cerca das 13:10.
O chefe do executivo PSD/CDS-PP transcreveu para uma página inteira do livro de condolências uma mensagem que levava escrita, expressando "total solidariedade" e "profundo pesar" às autoridades e ao povo de França pelo atentado contra o jornal Charlie Hebdo, que provocou doze mortos.
Em seu nome e do Governo português, Passos Coelho, endereçou condolências às famílias das vítimas do atentado de quarta-feira, que qualificou de "ataque terrorista" e "ato vil, que a todos expressou profundamente".
O primeiro-ministro português afirmou depois que Portugal e França são "parceiros amigos" na comunidade das nações europeias, acrescentando: "Estamos ao lado da França na defesa intransigente dos valores da liberdade e da democracia".
"Neste momento de dor recordamos a importância dos ideais que partilhamos e que nos movem. Estamos todos juntos na Europa da dignidade humana, da tolerância e da paz, na luta contra os extremismos e contra o terrorismo", concluiu.
Parlamento aprova por unanimidade voto de condenação e pesar
A Assembleia da República aprovou hoje por unanimidade um voto de condenação e pesar pelo atentado ao jornal francês Charles Hebdo, que foi subscrito por todos os grupos parlamentares e ao qual o Governo se associou.
O voto, igualmente subscrito pela presidente da Assembleia, Assunção Esteves, manifesta consternação do parlamento português e "profundo pesar pelos acontecimentos de Paris e exprime a sua solidariedade para com os familiares das vítimas, os trabalhadores do Charlie Hebdo e todos os jornalistas".
Após a votação, os deputados respeitaram um minuto de silêncio.
"Paris é agora o lugar que todos habitamos. O lugar onde se gera um novo ímpeto, um ímpeto de vontade para uma luta abnegada e quotidiana pela dignidade e os direitos, a liberdade e a democracia", lê-se no voto aprovado.
O voto sublinha que "a violência do terrorismo investiu desta vez contra os nossos jornais, esses lugares onde a liberdade se exerce e a democracia palpita", afirmando que "o horror" não trará a "vertigem de desdizer" os códigos da democracia.
O Parlamento declarou, desta forma, que "em Paris, os valores universais foram atingidos, mas não foram vencidos".
O voto frisa que "o terror não pode nunca ser percebido como próprio de grupos étnicos ou religiosos, de grupos culturais, de nações ou regiões", afirmando que o terror é o crime ao qual não se pode ligar "a ideia de um mundo dividido ou da pretensa existência de um conflito de culturas"-
"O terror é o absurdo que a todos nos atinge e que juntos combatemos", declara-se.
"Em Paris, o horror derramou-se sobre a vida - o maior bem - e sobre a liberdade de imprensa, esse valor fundamental qualificado, na sua dupla dimensão de exercício do direito fundamental de expressão de pensamento e de garantia objetiva das estruturas da democracia. Porque a liberdade de imprensa é condição para a liberdade de todos, para o uso público da razão, para a liberdade de ser, de agir, de estar e intervir no mundo", lê-se no voto.
Três homens vestidos de preto, encapuzados e armados atacaram na manhã de quarta-feira a sede do jornal Charlie Hebdo, no centro de Paris, provocando 12 mortos (10 vítimas mortais entre jornalistas e cartoonistas e dois polícias) e 11 feridos, quatro dos quais em estado grave.
Com Lusa