Portugal 2011

Empresas ficam isentas de informar ACT sobre horários dos trabalhadores

O Governo quer que as empresas fiquem isentas de informar a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) do mapa do horário de trabalho e dos acordos de isenção de horário entre empregador e trabalhador.

Esta é uma das propostas que o Governo levará quinta-feira à reunião  dos grupos de trabalho criados para estudar medidas em matéria de "Competitividade  e Crescimento", "Políticas de Mercado de Trabalho e Reforma da Legislação  Laboral" e "Fundo de Compensação do Trabalho". 

Relativamente ao documento "Competitividade e Crescimento", a proposta  governamental enviada aos parceiros, e a que a Lusa teve acesso, só incide  na simplificação das relações entre a ACT e as empresas. 

No enquadramento da proposta, o Governo explica que encontram-se em  estudo medidas que permitam agilizar e modernizar a relação entre os empregadores  e a ACT, desde que salvaguardado o interesse de ordem pública consubstanciado  na melhoria das condições de trabalho e na promoção da segurança e saúde  dos trabalhadores.  

As medidas, explica o Governo no documento que enviou aos parceiros  sociais, visam "otimizar a regulação, uma vez que o excesso legislativo  é suscetível de criar encargos económicos e burocráticos que, na prática,  têm reflexo inverso ao desejado pela lei" e promover o recurso às novas  tecnologias como forma de modernização das relações com a ACT, com vista  a uma maior celeridade e eficiência. 

No texto, o Governo advoga a dispensa do envio à ACT do regulamento  interno da empresa previsto no Código de Trabalho, substituindo esta regra  pela mera publicação em local de trabalho. 

Segundo a proposta, a obrigação de o empregador ouvir a comissão de  trabalhadores ou, na sua falta, as comissões intersindicais, as comissões  sindicais ou os delegados sindicais aquando da elaboração do regulamento  interno, "parece (ser suficiente para) assegurar a defesa dos direitos e  garantias dos trabalhadores". 

Relativamente à comunicação do mapa do horário de trabalho, o governo  considera que o envio do mapa "não assegura a integridade do documento nem  o escrupuloso cumprimento do mesmo, facto que apenas uma ação inspetiva  no local de trabalho pode acautelar".  

No que respeita aos acordos de isenção de horário de trabalho, o Governo  defende que deve apenas ser apresentado à ACT quando tal for solicitado  por considerar excessivo o controlo administrativo da autoridade perante  "a existência de um acordo entre trabalhador e empregador". 

As empresas ficam igualmente dispensadas de comunicar os elementos relativos  aos trabalhadores no domicílio, uma vez que, justifica a proposta governamental,  a lei já obriga o empregador a proceder a um registo permanente dos elementos dos trabalhadores no domicílio. 

Já relativamente à autorização de alargamento do período de laboração  de estabelecimento industrial e de laboração contínua, a proposta governamental  advoga que a comunicação deve ser feita mediante recurso aos meios eletrónicos  para agilizar procedimentos. 

A comunicação eletrónica, explica o Governo na proposta, visa abreviar  o deferimento do procedimento, através da figura da autorização automática  para alargamento da laboração de estabelecimento, sempre que observados  os requisitos legais.  

Todavia, o incumprimento da comunicação ou a não observância dos requisitos  que determinam a autorização ficam sujeitos a contra-ordenação. 

Lusa