Presidenciais 2011

"Sobressalto" pedido por PR aceita "desigualdade social fundamental", diz Louçã

O líder do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, considerou hoje que o "sobressalto cívico" pedido por Cavaco Silva no seu discurso de posse passa por "acentuar rapidamente as privatizações" e aceitar "uma situação de desigualdade social fundamental".

"O sobressalto cívico que o Presidente propõe é acentuar rapidamente as privatizações, calarmo-nos perante os mercados financeiros e aceitarmos uma situação de desigualdade social fundamental (...) é preciso democracia plena, que não significa tutelar as gerações mais novas, mas sim evitar que elas sejam sacrificadas e defender a sua coragem", disse, no final da cerimónia de posse de Cavaco Silva.



Admitindo que o Chefe de Estado "fez uma crítica ao Governo", Francisco Louçã contrapôs a necessidade de "combater as política que existem" e de "romper politicamente com o caminho que o país tem seguido".



"É preciso coragem democrática de romper com o caminho seguido, que o Presidente apoiou e que hoje quis confirmar ao pedir mais privatizações, diminuindo a capacidade de ação daquilo que é de todos a favor de todos. Ao defender o privilégio de interesses privados num país que tem tantas dificuldades o Presidente vira as costas aos mais jovens que têm trabalho precário", disse.



A defesa de "uma democracia plena e responsável", acentuou, "exige que se abandone esta forma de precarização da vida das pessoas que uma economia tão mesquinha tem vindo a desenvolver ao longo do tempo".



"E creio que nisso o Presidente foi sempre uma voz do lado da situação, do lado da passividade. E nós precisamos da coragem, da rebeldia e da transformação de uma economia plena que possa trazer emprego e respostas",
frisou.



Para o líder do BE - que quinta-feira apresenta no Parlamento uma moção de censura ao Governo -, Cavaco apresentou-se ainda "como se fosse candidato a primeiro-ministro, com uma visão bastante ligeira sobre os 10 anos em que ele próprio determinou a política do governo".



Lusa