"Oh, menina, por acaso não é a filha do...?" confesso que não recordo o nome que foi dito, mas lá respondi que não, não era eu, "o meu pai chama-se Joaquim", e ele insistia: "mas parece-me que a conheço de algum lado, não será lá de..." e não, não, não sou eu, até que, com a confiança de quem sabe que o écran transforma as pessoas, disse calmamente: "olhe, se calhar conhece-me da televisão!". Rimos ambos da "piada". Para ele, a hipótese nem sequer estava em cima da mesa e, sem nenhuma conclusão plausível, a conversa ficou por ali.
Anos depois, um governante, numa conferência de imprensa.
Em 1995 não era hábito, mas esse ministro respondia aos jornalistas dizendo os nomes. TVs, rádios, jornais, pergunta daqui, pergunta dali... e, quando me vai responder, falhou o nome próprio: "oh, oh... oh menina Galvão" e foi por aí fora a discorrer... A resposta, sem a pergunta, não fazia sentido e lá foi tudo para o ar, incluindo o "oh, oh...oh menina Galvão"...
Esse antigo ministro esteve na SIC há uns meses, perguntou por mim, soube dizer o nome e cumprimentamo-nos com toda a naturalidade.
Gostei muito de o ver. Deu-me a saudade da reportagem.
Ana Luísa Galvão (menina de 50 anos, há 25 na SIC, jornalista)