Numa conversa com SIC, Tomáš Halík exorta a Igreja a refletir sobre a formação dada nos seminários sobre a sexualidade.
Lembra que a maioria da nação alemã não sabia das atrocidades do regime nazi e ficou em choque quando acordou para o pesadelo. O mesmo acontece, entende, com os católicos em relação aos abusos de menores por parte de clérigos.
Halík, uma referência do pensamento católico contemporâneo, defende que a crise dos abusos sexuais também relança o debate sobre o celibato obrigatório, embora sem fazer a relação direta entre as duas dimensões.
Será o momento, admite, de equacionar a ordenação de homens casados, "aprofundando o conceito dos viri probati", recuperado pelo Papa Francisco para suprir a necessidade de presbíteros em zonas onde há comunidades católicas sem acompanhamento de um padre, como na selva da Amazónia.
Os viri probati vêm de uma tradição antiga da Igreja católica. Prevê que homens casados, com «fé comprovada», suspendam temporariamente a vida matrimonial para exercerem funções sacerdotais quando esta é a única maneira de permitir às comunidades terem um pastor que garanta os sacramentos, como a eucaristia.