Crise na Ucrânia

Oposição ucraniana denuncia morte de 60 manifestantes, polícia admite uso de balas reais

Um deputado e um médico da oposição ucraniana  denunciaram a morte de 60 manifestantes em confrontos com forças de segurança  hoje em Kiev, enquanto a polícia admitiu a utilização de munições reais  "em autodefesa". 

Um manifestante mostra os cartuchos de balas usadas pela polícia / Reuters
© Stringer . / Reuters

"Estão a utilizar [as forças de segurança] balas de combate comuns e  anti-blindados. Disparam a matar", disse Siatoslav Janenko, deputado do  partido da direita nacionalista radical Svoboda (Liberdade) num comunicado.

No campo governamental, o ministério do Interior reconheceu a utilização  de balas reais durante os confrontos mais recentes.  

"Com o objetivo de preservar a vida e a segurança dos membros das forças  da ordem, foi tomada a decisão (...) de usar armas em autodefesa", refere  um comunicado do ministério do Interior, que também sublinha o "direito"  dos efetivos de "usarem armas de fogo" caso as suas vidas ou segurança sejam  ameaçadas.  

O ministro do Interior ucraniano, Vitaliy Zakharchenko, confirmou a  medida, na sequência dos violentos distúrbios que regressaram a Kiev após  o anúncio de uma "trégua" entre o poder e oposição, que não se concretizou.

O ministério do Interior disse ainda que os manifestantes da oposição  "capturaram 67 soldados durante os ataques contra os efetivos do ministério  do Interior, desconhecendo-se a sua sorte".  

No campo diplomático, o Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que  vai enviar a Kiev, a pedido do Presidente ucraniano, um representante para  participar numa mediação com a oposição.  

"O Presidente [Viktor] Ianukovich propôs ao chefe de Estado russo o  envio de um representante a Kiev para participar, na qualidade de mediador,  nas negociações com a oposição", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri  Peskov, citado pela agência estatal Ria Novosti.  

Peskov adiantou que o mediador designado é o delegado para os direitos  humanos da presidência russa, Vladimir Lukine.  

Em paralelo, os ministros dos Negócios Estrangeiros francês, alemão  e polaco que hoje se deslocaram a Kiev para tentar terminar com a vaga de  violência vão permanecer mais tempo que o previsto na capital ucraniana  e informarão à os seus homólogos europeus, indicaram diplomatas citados  pela agência noticiosa AFP.   

O francês Laurent Fabius, o alemão Frank-Walter Steinmeier e o polaco  Radoslaw Sikorski deveriam regressar a Bruxelas ao início da tarde para  participar na reunião de urgência sobre a Ucrânia com os seus homólogos  da União Europeia (UE) que decorre em Bruxelas.  

 

Lusa