Crise na Ucrânia

Parlamento ucraniano aprova mobilização parcial para reforçar forças armadas 

A Rada Suprema (parlamento) da Ucrânia ratificou  hoje a mobilização parcial de voluntários para integrarem as forças armadas,  decretada pelo Presidente interino ucraniano, Oleksandr Turchinov, para  fazer frente às "agressões" continuadas da Rússia. 

Presidente interino da Ucrânia, Olexandre Tourtchinov (Reuters/ Arquivo)
© Gleb Garanich / Reuters

A decisão do Legislativo foi aprovada com os votos de 275 dos 308 deputados que participaram na sessão.  

Segundo a atual Constituição ucraniana, os decretos presidenciais devem ser ratificados pela Rada. 

O Presidente interino justificou o decreto de mobilização parcial com a "continuação da agressão na República Autónoma da Crimeia, que a Rússia  tenta dissimular com uma grande farsa chamada referendo, que nunca será  reconhecido nem pela Ucrânia e nem pelo mundo civilizado". 

Segundo o decreto presidencial, serão mobilizados os cidadãos que voluntariamente expressaram o desejo de se incorporarem nas forças armadas. 

A mobilização, depois de ratificada pela Rada, vai realizar-se durante 45 dias. 

O decreto pretende criar condições para que as forças armadas e os serviços de defesa civil possam organizar-se para o "tempo de guerra". 

Por seu lado, o ministro da Defesa ucraniano, Igor Teniuk, disse que as tropas ucranianas vão permanecer na Crimeia. 

"Os militares que estão destacados (na Crimeia) ficarão lá", declarou, o ministro numa conferência de imprensa reagindo às declarações do parlamento  da Crimeia, que afirmou que as unidades militares ucranianas baseadas na  Crimeia seriam todas desmobilizadas. 

O Parlamento da Crimeia aprovou hoje uma resolução a declarar-se independente  da Ucrânia e pediu oficialmente a anexação da península à Rússia. 

A resolução foi adotada numa sessão do parlamento, na qual também ficou  acordado que a Crimeia passará a usar o fuso horário de Moscovo, e não o  de Kiev, Ucrânia, que seguia agora. 

Esta resolução seguiu-se ao referendo de domingo na Crimeia, no qual  96,6 por cento dos habitantes da península aprovaram a unificação do território  à Rússia. 

As autoridades autónomas da Crimeia convocaram o referendo de domingo  na sequência da deposição do Presidente ucraniano pró-russo Viktor Ianukovich,  em fevereiro, após três meses de violentos protestos em Kiev, liderados  pelas forças da oposição. 

Depois da queda de Ianukovich, forças apoiadas pela Rússia assumiram  o controlo da península do sul da Ucrânia, transformada no foco do mais  grave conflito entre Leste e Ocidente desde o final da Guerra Fria. 

Lusa