"Sérias dúvidas permanecem sobre se o verdadeiro objetivo da investigação conduzida pela Holanda é estabelecer as verdadeiras razões da catástrofe e não justificar as acusações que tinham sido avançadas" em Haia, referiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, num comunicado, em reação à divulgação do relatório final da investigação do Departamento de Segurança da Holanda.
A diplomacia russa também lamentou "não ter tido acesso aos documentos da investigação".
"Francamente, estamos um pouco surpresos ao ver que vários países tenham já comentado de forma oficial e oficiosa o documento que foi publicado, como já conhecessem o conteúdo", frisou a porta-voz do ministério, Maria Zakharova, citada pela agência noticiosa RIA Novosti.
A diplomacia russa também manifestou surpresa pelo facto dos peritos envolvidos na investigação internacional não terem "desejado vir à Rússia e examinar as provas de Almaz-Antei", o construtor russo dos sistemas de defesa antiaérea BUK, incluindo o míssil terra-ar que está na origem da queda do aparelho Boeing 777 da Malaysia Airlines, segundo as conclusões do relatório hoje divulgado.
O construtor russo rejeitou as conclusões da investigação do Departamento de Segurança da Holanda.
"Evidentemente, a forma como [o inquérito] foi conduzido influenciou forçosamente o resultado", reforçou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
"A única forma de evitar [a atual situação] é prosseguir com a investigação, modificar os parâmetros e envolver uma participação plena dos Estados que podem fornecer provas e meios que permitam esclarecer o acidente do voo MH17", concluiu a diplomacia russa, acrescentando que Moscovo "está disponível" caso as autoridades de Haia queiram reabrir a investigação.
Num relatório hoje divulgado, a investigação do Departamento de Segurança da Holanda concluiu que o avião Boeing 777 da Malaysia Airlines, que fazia o voo MH17 entre Amesterdão e Kuala Lumpur, foi abatido, quando sobrevoava o leste da Ucrânia a 17 de julho de 2014, por um míssil terra-ar BUK, de fabrico russo, que atingiu o aparelho do lado esquerdo do 'cockpit'.
Os investigadores não conseguiram determinar o local exato do lançamento do míssil, tendo identificado apenas uma área de 320 quilómetros quadrados no leste da Ucrânia, controlada pelos separatistas pró-russos.
A investigação à queda do voo da Malaysia Airlines, na qual morreram todas as 298 pessoas que seguiam a bordo (193 eram holandeses), concluiu por outro lado que, após a explosão, "a parte da frente do avião foi arrancada e o avião partiu-se no ar".
O inquérito internacional -- que envolveu outros países como Ucrânia, Rússia, Estados Unidos, Austrália e Reino Unido -- também indicou que Kiev deveria ter encerrado aquela área do espaço aéreo ucraniano: no dia do acidente, 160 aviões sobrevoaram aquela zona de guerra.
Lusa