O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) atualizou, esta terça-feira, os dados sobre as variantes do SARS-CoV-2 em circulação no país, dando destaque à Ómicron, que continua a ser dominante, e à sua subvariante, a BA.2, que é mais transmissível do que a “original”, nomeadamente em pessoas vacinadas.
Se da variante Delta já pouco se fala porque, refere o INSA, “tem vindo a diminuir a sua frequência relativa desde a semana 47”, ou seja, desde meados de novembro, sobre a Ómicron a situação atual é outra. Desde o início do ano “tem-se mantido acima de 90%, embora com “tendência decrescente“.
Em sentido inverso, de acordo com o relatório do INSA divulgado esta terça-feira, encontramos a subvariante da Ómicron, a BA.2.
“A linhagem BA.2 foi detetada pela primeira vez no nosso país (…), tendo a sua frequência relativa aumentado paulatinamente desde então, atingindo cerca de 3%” no final do passado mês de janeiro. Em termos regionais, especifica o INSA, “destaca-se a sua maior circulação no Norte, Algarve e Lisboa e Vale do Tejo”.
No âmbito da monitorização contínua da diversidade genética do SARS-CoV-2 que o INSA está a desenvolver, têm sido analisadas uma média de “524 sequências por semana desde o início de junho de 2021, provenientes de amostras colhidas aleatoriamente em laboratórios distribuídos pelos 18 distritos de Portugal continental e pelos Açores e Madeira, abrangendo uma média de 133 concelhos por semana”.
Efeitos da BA.2 ainda são pouco conhecidos
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, adiantou recentemente que os especialistas estão a acompanhar a evolução de várias linhagens da Ómicron, incluindo a BA.2.
Esta linhagem está a registar uma crescente circulação em países como a Dinamarca e Índia, mas os dados disponíveis sobre a sua transmissibilidade e severidade ainda são escassos.
“Temos uma boa vigilância a nível mundial para entender as subvariantes da Ómicron. Estamos a trabalhar com milhares de especialistas de todo o mundo para rastrear este vírus e as suas linhagens, incluindo a BA.2, para percebermos melhor as alterações”, assegurou a epidemiologista Maria Van Kerkhove.
Porém, um estudo dinamarquês divulgado no início deste mês indicava que a BA.2 não só é mais transmissível do que a “original” BA.1, com tem mais capacidade de infetar pessoas vacinadas.
“Concluímos que a Ómicron BA.2 é substancialmente mais transmissível do que a BA.1 e consegue iludir o sistema imunitário o que reduz o efeito protetor da vacina”, indica a equipa de investigadores do Intituto Statens Serum (SSI), da Universidade de Copenhaga e da Universidade Técnica e de Estatística da Dinamarca.
O estudo, que ainda não foi revisto pelos pares, analisou infeções por coronavírus em mais de 8.500 famílias dinamarquesas entre 20 de dezembro de 2021 e 11 de janeiro de 2022, com acompanhamento até 18 de janeiro, e descobriu que as pessoas infetadas com a subvariante BA.2 tinham aproximadamente 33% mais hipótese de contagiar outras pessoas, em comparação com as infetadas com a BA.1.
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