O Governo britânico acabou esta quinta-feira com o fornecimento de autotestes rápidos gratuitos à covid-19 para a maioria da população, embora as infeções permaneçam em níveis recorde.
Mais de 1.700 milhões de autotestes antigénio foram distribuídos em locais de trabalho, farmácias e pelo correio no ano passado, indicou o Governo, medida que se destinava a encorajar os ingleses a testarem-se regularmente para evitar novos surtos.
No entanto, a partir de sexta-feira, a maioria das pessoas em Inglaterra terá que comprar testes em farmácias ou fornecedores na Internet, pois deixarão de ser gratuitos. Os testes antigénio dão resultados em poucos minutos, mas são menos exatos do que os testes PCR – usados para confirmar oficialmente as infeções com covid-19.
Os testes permanecerão gratuitos para trabalhadores e utentes de ambientes de alto risco, como hospitais ou outros estabelecimentos de saúde e prisões, mas a maioria terá agora que pagar se quiser fazer um teste. O programa vai manter-se mais algumas semanas na Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.
A deputada do partido da oposição Liberais Democratas, Daisy Cooper, afirmou que a eliminação dos testes gratuitos representará outra despesa para pessoas que já enfrentam o atual aumento dos preços de alimentos e energia, devido à invasão da Ucrânia pela Rússia.
“É um imposto sobre todos aqueles que querem proceder bem e fazer um teste antes de visitar parentes idosos ou vulneráveis”, queixou-se.
Os críticos da medida também argumentam que esta decisão ocorre num momento perigoso, quando se estima que uma em cada 16 pessoas em Inglaterra estarão infetadas com o vírus, de acordo com o Office for National Statistics (Instituto de Estatísticas Britânico).
Na passada quarta-feira estavam hospitalizados 15.632 pacientes com covid-19 em Inglaterra, o número mais alto no espaço de três meses. Porém, o número de pacientes ligados a ventiladores permanece baixo e as mortes continuam abaixo dos picos das ondas registadas em 2020 e 2021.
O Governo levantou todas as restrições em Inglaterra, incluindo o uso obrigatório de máscaras, o isolamento profilático para infecciosos e testes para viajantes internacionais, no início deste ano, mesmo quando a variante Ómicron – a variante mais transmissível até ao momento – começou a alastrar.
“Teremos que estar continuamente atentos para vigiar as taxas e responder adequadamente a quaisquer novas variantes”, afirmou esta quinta-feira a presidente executiva da Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido.
Jenny Harries admitiu ainda que as pessoas têm de se habituar a viver com o vírus “tal como acontece com outros vírus respiratórios”, como é o caso da gripe.
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