O CIVISA afirmou este domingo que a ilha de São Jorge, Açores, continua a registar uma sismicidade “muita acima” do que é “considerado normal”, apesar da “acalmia” nos abalos sentidos, reiterando que “todos os cenários estão em cima da mesa”.
No briefing diário para a atualização da crise sismovulcânica de São Jorge, a investigadora do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) Fátima Viveiros avançou que nas últimas 24 horas foram registados 603 sismos, um dos quais sentido pela população.
“Comparando com os últimos dias, tem-se verificado uma ligeira diminuição no número de sismos registados. Contudo, estamos a falar de um sistema natural. Estamos a falar de um sistema que, de qualquer forma, tem um número de sismos muito superior àquilo que sempre foi o registado nos últimos 30 anos”, afirmou aos jornalistas, nas Velas.
A coordenadora das operações do CIVISA em São Jorge reiterou que desde 19 de março, início da crise, que o registo sísmico está “muito acima do que é considerado normal”, mesmo “comparando com toda a sismicidade do resto do arquipélago”.
“Esta acalmia, olhando para os números, não significa que o sistema está calmo. Estamos muito acima daquilo que tem sido a sismicidade em São Jorge [antes da crise] e no arquipélago dos Açores”, afirmou.
Fátima Viveiros destacou que o CIVISA tem “todas as equipas em alerta máximo”, seja na ilha de São Jorge, seja na Universidade dos Açores, onde estão a “processar os dados que vão chegando em contínuo”.
“No total, desde o início da crise, temos então 26.348 sismos registados e um total de 225 sismos sentidos. As profundidades continuam naquela gama entre os sete e os 13 quilómetros, como tem vindo a ser reportado”, acrescentou.
Segundo disse, “todos os cenários” continuam em “cima da mesa”, como a possibilidade da ocorrência de uma erupção vulcânica ou de um sismo de maior magnitude.
“Todos os cenários que se vem falando desde o início da crise estão em cima da mesa. Todos os cenários, desde do aumento da sismicidade até outros eventuais cenários. Não existe nenhum motivo para excluir qualquer um deles”, apontou.
A investigadora acrescentou que o CIVISA está a “trabalhar numa imagem” de interferometria de radar captada via satélite, esperando ter “novidades” sobre o assunto na próxima segunda-feira: “a imagem tal e qual esta tem de ser processada e avaliada”.
Cerca de 2.500 pessoas já saíram do concelho das Velas, centro da crise sísmica, das quais 1.500 por via aérea e marítima, e as restantes para o concelho vizinho da Calheta, considerado mais seguro pelos especialistas.
A ilha mantém-se com o nível de alerta vulcânico V4 (ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”.
COM LUSA.