Na biografia que divulga da escritora, a academia sueca aplaude os contos de Munro, que focam "a fragilidade da condição humana", e elogiam a "narrativa afinada" da escritora, "que se caracteriza pela clareza e pelo realismo psicológico". "Alguns críticos consideram-na um Tchekhov canadiano", acrescenta a academia.
"As suas histórias passam-se frequentemente em pequenas localidades, onde a luta por uma existência socialmente aceitável muitas vezes resulta em relações tensas e conflitos morais - problemas que resultam de diferenças geracionais e ambições de vida que colidem", escreve ainda. Os seus textos descrevem frequentemente "eventos do dia-a-dia, mas decisivos; verdadeiras epifanias que iluminam a história e deixam questões existenciais aparecer num relâmpago".
Já nos últimos dias o nome de Alice Munro surgira como favorito, embora a escritora não surgisse nos primeiros lugares da lista de apostas.
Alice Munro nasceu a 10 de julho de 1931 em Wingham, na província canadiana de Ontário. A mãe era professora e o pai era criador de raposas. Após terminar o liceu, começou a estudar jornalismo e inglês na Universidade de Western Ontario, mas interrompeu os estudos quando se casou, em 1951. Juntamente com o marido, estabeleceu-se em Victoria, em British Columbia, onde o casal abriu uma livraria.
Apesar de ter começado a escrever histórias quando ainda era adolescente, só publicou o seu primeiro livro em 1968, a coleção de contos "Dance of the Happy Shades" (Dança das Sombras Felizes), que recebeu uma atenção considerável no Canadá.
Munro é sobretudo conhecida pelos seus contos e publicou muitas coleções ao longo dos anos, nomeadamente "Amada Vida", "Fugas" e "O Amor de Uma Boa Mulher", publicadas em Portugal pela editora Relógio d'Água.
Atualmente, Alice Munro vive em Clinton, perto da sua cidade natal em Ontário.
Munro vai receber oito milhões de coroas suecas (915.000 euros) e receberá o prémio numa cerimónia a 10 de dezembro, data do aniversário do fundador dos prémios, Alfred Nobel, em 1896.
Nos últimos 10 anos, o Nobel da Literatura distinguiu nomes como o chinês Mo Yan (2012), o sueco Tomas Transtrmer (2011), o peruano Mario Vargas Llosa (2010), a alemã de origem romena Herta Mller (2009), o francês Jean-Marie Gustave Le Clézio (2008), a britânica Doris Lessing (2007), o turco Orhan Pamuk (2006), o britânico Harold Pinter (2005), a austríaca Elfriede Jelinek (2004) e o sul-africano J.M. Coetzee (2003). A língua portuguesa foi laureada uma única vez, em 1998, com a atribuição do prémio ao escritor José Saramago.
Amanhã será conhecido o Nobel da Paz. Na segunda-feira será feito o anúncio do vencedor do prémio da Economia.
Com Lusa