O especialista falava aos jornalistas no final de uma sessão da Conferência Internacional "Património Cultural: Prevenção, Resposta e Recuperação de Desastres", que hoje teve início na Fundação Calouste Gulbenkian para analisar a gestão mais eficaz da proteção em situações de catástrofes.
"Estamos a preparar planos de emergência atualizados para estes edifícios de acordo com as suas características específicas, e o objetivo é concluir no início de janeiro, e depois iniciar a formação das respetivas equipas para lidar com as situações", indicou João Seabra Gomes.
O projeto da DGPC para atualização dos planos de emergência - e fazer face a incêndios, sismos, inundações ou outras catástrofes - foi iniciado em 2012, e será apresentado à Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) no final deste ano, para validação, indicou o mesmo responsável.
As novas ameaças ao património cultural, como o aumento de visitantes, vandalismo e terrorismo, vão igualmente ser tema de debate nesta conferência internacional que decorre hoje e sexta-feira, sobre prevenção e resposta a emergências nesta área.
João Seabra Gomes, responsável da DGPC, vai apresentar hoje à tarde, na conferência, na Gulbenkian, a "Estratégia para a segurança preventiva em palácios e museus afetos à Direção Geral do Património Cultural".
Em declarações aos jornalistas na Gulbenkian, indicou que os 23 planos de emergência atualizados "estão quase todos prontos, faltando apenas alguns, entre eles o do Palácio Nacional de Mafra e do Museu Nacional Soares dos Reis", no Porto.
Depois de todos concluídos, os planos vão ser entregues à ANPC para validação, e terá início, no primeiro trimestre de 2017, a formação das equipas dos monumentos, palácios e museus, para lidar com as situações de emergência.
"Os planos já existem, são obrigatórios por lei, mas estão a ser atualizados", indicou o responsável, acrescentando que foram identificados vários tipos de imóveis, mas que a maioria está atualizada.
"Há uma minoria de edifícios muito antigos - como o caso de alguns castelos - que não está atualizada e é mais vulnerável", ressalvou João Seabra Gomes, sem indicar casos específicos.
Estes planos contemplam não apenas a intervenção sobre o edifício em si, mas também sobre as coleções de arte que o espaço cultural acolhe, e a capacidade de reação das equipas que funcionam nos espaços culturais.
No final da manhã, em declarações à agência Lusa, a diretora-geral do património cultural, Paula Silva, questionada pela agência Lusa, sublinhou que "a prevenção é essencial e a consciência dessa prevenção também é grande".
Embora a atualização dos planos de emergência esteja em curso e deverá ser estendida a outros monumentos, Paula Silva defendeu uma maior atenção ao ordenamento do território, o combate à desertificação dos centros urbanos, e uma monitorização dos edifícios culturais para prevenção.
"Há aqui um caminho longuíssimo a percorrer", apontou.
O encontro - que conta com o apoio institucional da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) - reúne, na comissão organizadora, além de Isabel Raposo de Magalhães, do Museu Nacional dos Coches, Rui Xavier, da Fundação Calouste Gulbenkian, Isabel Saraiva, da Fundação Oriente, e Xavier Romão e Esmeralda Paupério, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Entre os oradores esperados estão Lina Kutiefan, diretora-geral das Antiguidades e Monumentos da Síria, que irá falar sobre "O Património Cultural da Síria durante a crise" e também Corine Wegener, do Instituto Smithsonian, que tutela um conjunto de museus nos Estados Unidos, e que falará sobre o programa desta entidade.
Lusa