Cultura

Escritor e filólogo Frederico Lourenço distinguido com o Prémio Pessoa 2016

O escritor, tradutor, professor universitário Frederico Lourenço foi distinguido com o Prémio Pessoa 2016. O anúncio foi feito hoje pelo presidente do júri, Francisco Pinto Balsemão, no Palácio de Seteais, em Sintra, sublinhando que a atividade de Frederico Lourenço tem como "traço singular" ter oferecido "à língua portuguesa as grandes obras de literatura clássica".

Escritor e filólogo Frederico Lourenço distinguido com o Prémio Pessoa 2016
Marcos Borga / Impresa Publishing

Frederico Lourenço, professor universitário, conhecedor das literaturas clássicas, tradutor de Homero, lançou em Setembro o primeiro volume da nova tradução da Bíblia Grega, "Septuaginta", o primeiro volume de uma série de seis, com os quatro Evangelhos canónicos, de Mateus, Marcos, Lucas e João.

A "Bíblia dos Setenta" foi escrita entre os séculos I e o VII depois de Cristo e contém todos os 27 livros do Novo Testamento, iguais em todas as Bíblias atuais e, no Antigo Testamento, tem todos os 46 livros da Bíblia católica, ainda mais sete livros, o terceiro e o quarto Livros dos Macabeus, os Salmos de Salomão, Odes, o Livro de Susana, a história de "Bel e o Dragão", e a Epístola de Jeremias.

No total são 80 livros, mais 14 do que as Bíblias protestantes e mais sete do que a tradução do atual cânone católico, numa edição que termina em janeiro de 2019.

Na conferência de imprensa do anúncio do galardoado desta 30.ª edição, Francisco Pinto Balsemão expôs as razões que levaram à escolha do académico de 53 anos, cuja obra também está ligada à música, à poesia e ao teatro.

O galardoado "constitui um exemplo de disciplina, capacidade de trabalho e lucidez intelectual no elevado plano dos estudos clássicos e humanísticos, parte fundamental da vida cultural e científica dos países desenvolvidos", salientou.

Nos últimos 20 anos, Frederico Lourenço traduziu a "Ilíada" e a "Odisseia", de Homero, bem como duas tragédias de Eurípedes, "Hipólito" e "Íon".

No ano passado, o galardão - criado pelo jornal Expresso, com um valor monetário de 60 mil euros, com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos - foi atribuído ao escultor Rui Chafes, a quem o júri elogiou a procura pela transcendência, ao utilizar o ferro como matéria-prima criativa.

O Prémio Pessoa foi atribuído pela primeira vez em 1987, ao historiador José Mattoso.

Desde então foram reconhecidos, entre outros, o poeta António Ramos Rosa, a pianista Maria João Pires, os investigadores António e Hanna Damásio, o neurocirurgião João Lobo Antunes, recentemente falecido, o arquiteto Eduardo Souto de Moura, o constitucionalista José Joaquim Gomes Canotilho, a historiadora Irene Flunser Pimentel e a investigadora Maria Manuel Mota.

Lista das personalidades distinguidas com o Prémio Pessoa:

1987 - José Mattoso (historiador).

1988 - António Ramos Rosa (poeta).

1989 - Maria João Pires (pianista).

1990 - Menez - Maria Inês da Silva Carmona Ribeiro da Fonseca (artista plástica).

1991 - Cláudio Torres (arqueólogo).

1992 - António e Hanna Damásio (investigadores).

1993 - Fernando Gil (ensaísta).

1994 - Herberto Helder (poeta).

1995 - Vasco Graça Moura (escritor e tradutor).

1996 - João Lobo Antunes (investigador, neurocirurgião).

1997 - José Cardoso Pires (escritor).

1998 - Eduardo Souto de Moura (arquiteto).

1999 - Manuel Alegre (escritor) e José Manuel Rodrigues (fotógrafo).

2000 - Emmanuel Nunes (compositor).

2001 - João Bénard da Costa (historiador de cinema).

2002 - Manuel Sobrinho Simões (investigador).

2003 - José Joaquim Gomes Canotilho (constitucionalista).

2004 - Mário Cláudio (escritor).

2005 - Luís Miguel Cintra (ator, encenador).

2006 - António Câmara (investigador).

2007 - Irene Flunser Pimentel (historiadora).

2008 - João Luís Carrilho da Graça (arquiteto).

2009 - D. Manuel Clemente (cardeal-patriarca de Lisboa).

2010 - Maria do Carmo Fonseca (investigadora).

2011 - Eduardo Lourenço (ensaísta).

2012 - Richard Zenith (investigador).

2013 - Maria Manuel Mota (investigadora).

2014 - Henrique Leitão (historiador de ciência).

2015 - Rui Chafes (escultor).

2016 - Frederico Lourenço (escritor e filólogo).

Com Lusa