Miguel Bastos Araújo "é hoje internacionalmente reconhecido como uma das personalidades científicas mais criativas e influentes em biogeografia, macroecologia e modelação ecológica", disse, na cerimónia, Francisco Pinto Balsemão, sobre o investigador do Museu Nacional de Ciências Naturais, de Madrid, e também docente na Universidade de Copenhaga.
A escolha do júri do Prémio Pessoa visou dar "um sinal claro" na área das alterações climáticas, "para alimentar a esperança num futuro sustentável".
Miguel Bastos Araújo, nascido em 1969, licenciou-se em Geografia, na Universidade Nova de Lisboa, em 1994, obteve o mestrado em Conservação na University College London, em 1996, tendo-se doutorado em Geografia na mesma universidade, em 2000.
Em novembro, Miguel Bastos Araújo foi igualmente distinguido com o Prémio Ernst Haeckel 2019 da Federação Ecológica Europeia, que o considerou "um líder mundial no estudo dos efeitos das alterações climáticas na biodiversidade".
O Prémio Pessoa, no valor de 60 mil euros, é uma iniciativa do semanário Expresso e da Caixa Geral de Depósitos, e visa "representar uma nova atitude, um novo gesto, no reconhecimento contemporâneo das intervenções culturais e científicas produzidas por portugueses".
Vencedor trata áreas científicas "de absoluto interesse público"
Miguel Bastos Araújo foi distinguido com o Prémio Pessoa por um “mérito científico” no trabalho sobre biodiversidade, clima e geografia, e as “áreas científicas que trata são de absoluto interesse público”, afirmou Viriato Soromenho Marques, do júri.
“Um grande cientista, com uma vasta obra muito referenciada, é dos mais citados autores portugueses na literatura científica. Há um mérito científico. As áreas científicas que trata são de absoluto interesse público”, disse Soromenho Marques aos jornalistas.
No entender de Viriato Soromenho Marques, Miguel Bastos Araújo trabalha as questões das alterações climáticas, da macroecologia “há muitos anos, e que se tornam críticas devido à situação” em que nos encontramos hoje, de falta de consenso internacional sobre os problemas das alterações climáticas.
Segundo este elemento do júri, Miguel Bastos Araújo, nascido em 1969, licenciado em Geografia, é um “investigador já maduro, embora jovem, muito reconhecido internacionalmente, que nunca deixou o país”, pelo que o prémio dará maior visibilidade ao percurso científico “que é invisível do grande público”.
O presidente do júri, Francisco Pinto Balsemão, disse aos jornalistas que o nome de Miguel Bastos Araújo foi proposto pelo público, por alguém exterior ao júri, e frisou que o prémio é atribuído a uma pessoa e não a uma causa, ainda que se tenha falado da urgência de discussão sobre o problema ambiental.
“Partimos de uma lista muito grande até chegarmos a um nome”, afirmou o presidente do júri, referindo que não foi unânime, mas consensual.
Lista das personalidades distinguidas desde 1987
2018 - Miguel Bastos Araújo (geógrafo).
2017 - Manuel Aires Mateus (arquiteto).
2016 - Frederico Lourenço (filólogo, escritor, tradutor).
2015 - Rui Chafes (escultor).
2014 - Henrique Leitão (historiador de ciência).
2013 -- Maria Manuel Mota (investigadora).

2012 -- Richard Zenith (investigador).
2011 -- Eduardo Lourenço (ensaísta).
2010 -- Maria do Carmo Fonseca (investigadora).
2009 -- Manuel Clemente (cardeal-patriarca de Lisboa).
2008 - João Luís Carrilho da Graça (arquiteto).
2007 -- Irene Flunser Pimentel (historiadora).
2006 -- António Câmara (investigador).
2005 -- Luís Miguel Cintra (ator, encenador).
2004 -- Mário Cláudio (escritor).
2003 - José Joaquim Gomes Canotilho (constitucionalista).
2002 - Manuel Sobrinho Simões (investigador).
2001 - João Bénard da Costa (historiador de cinema).
2000 - Emmanuel Nunes (compositor).
1999 - Manuel Alegre (escritor) e José Manuel Rodrigues (fotógrafo).
1998 - Eduardo Souto de Moura (arquiteto).
1997 - José Cardoso Pires (escritor).
1996 - João Lobo Antunes (investigador, neurocirurgião).
1995 - Vasco Graça Moura (escritor e tradutor).
1994 - Herberto Helder (poeta).
1993 - Fernando Gil (ensaísta).
1992 - António e Hanna Damásio (investigadores).
1991 - Cláudio Torres (arqueólogo).
1990 - Menez - Maria Inês da Silva Carmona Ribeiro da Fonseca (artista plástica).
1989 - Maria João Pires (pianista).
1988 - António Ramos Rosa (poeta).
1987 - José Mattoso (historiador).