A Assembleia Municipal de Lisboa (AML) vai apreciar na terça-feira uma recomendação do BE para anular a concessão do Teatro Maria Matos a privados, lançando um concurso público para novo projeto de programação e direção artística.
Em declarações à agência Lusa, o deputado do BE na AML Tiago Ivo Cruz lembrou que no ano passado o seu partido apresentou uma recomendação para que a câmara não avançasse com a concessão do Teatro Maria Matos, bem como uma proposta para realizar um referendo local à concessão do espaço, mas que ambos os documentos foram chumbados.
"Neste momento, o que se coloca é o problema do fecho do Maria Matos. E, por isso, voltamos a meter o tema em cima da mesa por causa disso. Se a concessão resulta nisto, todos os alertas de fragilidade jurídica que apontámos na altura confirmam-se. A concessão foi mal feita, resultou mal, por isso é bom aproveitarmos o momento para reconsiderar", defendeu o eleito.
A Força de Produção ficou em primeiro lugar no concurso público para seleção do projeto artístico do Teatro Maria Matos, em Lisboa, anunciou em julho a Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) da Câmara Municipal de Lisboa.
Entretanto, em agosto, a presidente da EGEAC, Joana Gomes Cardoso, disse que o concurso público continuava a decorrer, depois de a segunda classificada nos resultados provisórios, a produtora de teatro Yellow Star Company, ter reclamado da decisão do júri.
Já em outubro, o jornal 'online' Observador avançava que a produtora tinha processado a EGEAC, acusando o júri de "violação do dever de fundamentação" e "erros na avaliação das propostas".
O teatro encontra-se encerrado desde julho do ano passado.A decisão de concessionar o Maria Matos a privados foi anunciada em dezembro de 2017 pela vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa, Catarina Vaz Pinto (PS), no âmbito de um projeto de remodelação da rede de teatros municipais.
"Passado um ano e alguns meses desde o anúncio de entrega do Teatro Maria Matos à gestão privada, temos um teatro fechado e à mercê de uma luta entre concorrentes nos tribunais", lamenta o bloco na proposta que vai a votos na terça-feira.
"Quem hoje vive em Setúbal pode chegar ao Teatro Maria Matos com o seu passe de 40 euros, e uma família com o seu passe conjunto de 80 euros. O alcance potencial deste teatro é hoje maior do que era há um ano, e é um erro profundo deitar fora um instrumento de política cultural nesta altura", considera o BE.
Por isso, o partido defende que a manutenção do Maria Matos sob gestão pública seria "um fator poderoso de diversificação de públicos, face aos alertas de afunilamento da oferta cultural, devido à turistificação da cidade, alertas que o próprio plano estratégico municipal lança, de forma insistente".
Lusa