Cultura

Aos 95 anos uma das últimas sobreviventes de Auschwitz continua a lutar contra o fascismo

A SIC entrevistou Esther Bejarano depois de um espetáculo que deu em Lisboa com a banda de hip hop que a acompanha.

Loading...

Aos 95 anos, Esther Bejarano continua a lutar contra o fascimo, o racismo e todo o tipo de discriminação. É uma das últimas sobrevivente de Auschwitz, onde fez parte da orquestra feminina.

As orquestras, nos campos de concentração, eram consideradas, pelos soldados das SS, como sinais de prestígio. Quando Esther lá chegou, aos 19 anos, o grupo tinha acabado de ser criado e a jovem mulher foi uma das primeiras a passar na audição.

Esther lembra-se de tudo ao promenor. Conta que não tinha qualquer base de acordeão quando lhe puseram o instrumento nas mãos e pediram para cantar e tocar qualquer coisa. Sendo pianista, desenrrascou-se no acordeão porque a vida dela dependia, literalmente, deste teste. A canção que escolheu para a ocasião foi "Bel Ami", o tema principal do filme alemão com o mesmo nome que estreou em 1939.

Quando a Guerra terminou, foi viver para Israel, onde conheceu o homem com o qual se veio a casar, Nissim Bejarano. Tiveram dois filhos e viveram por lá até ao início da década de 1960, altura em que decidiram regressar para a Alemanha, por não se reverem na luta armada de Israel contra a Palestina.

Já na Europa, nos anos 1970, Bejarano assistiu a um episódio racista e percebeu que tinha que contar a sua história para que as pessoas não se esquecessem do terrível passado fascista. Foi assim que começou a participar em eventos e a espalhar a mensagem, através da música.

Há já 11 anos que faz parte da Microphone Mafia, um grupo alemão de hip hop com origens turcas e italianas com o qual viaja pela Europa e interpreta canções de resistência judia dos tempos de guerra, em ídiche, enquanto os colegas juntam passagens de rap sobre problemas atuais.

Esther Bejarano esteve em Portugal a convite da Escola Alemã de Lisboa e a SIC aproveitou a visita para uma breve entrevista.