A banda desenhada de Superman surgiu em 1938. A de Batman em 1939. A televisão e o cinema foram fabricando variações sobre os dois super-heróis, incluindo esse filme marcante que é “Superman” (1978), de Richard Donner. De qualquer modo, aquilo que podemos designar como a “idade moderna dos super-heróis” — envolvendo a noção industrial e comercial de “blockbuster” — começaria um pouco mais tarde, em 1989, com o “Batman” assinado por Tim Burton.
Vale a pena redescobrir esse título pioneiro, até porque, como bem sabemos, ao longo das últimas décadas, a saga cinematográfica dos super-heróis evoluiu por caminhos muito variados, incluindo alguns filmes magníficos e outros… nem por isso.
Na altura com 31 anos, Tim Burton conseguira já um sucesso inesperado com a comédia surreal “Os Fantasmas Divertem-se” (1988), protagonizada por Michael Keaton. E foi precisamente Michael Keaton o escolhido para encarnar o Homem-Morcego.
Pode dizer-se, aliás, que este é ainda um filme apostado em valorizar os actores, mais do que os efeitos especiais. E se é verdade que, mesmo contra as expectativas de muita gente, Keaton conseguiu emprestar à figura de Batman o essencial misto de sedução e mistério, não é menos verdade que Jack Nicholson, no papel do Joker, “rouba” o espectáculo, compondo uma personagem em que a exuberância burlesca se confunde com a perversão criminosa. No elenco encontramos ainda, por exemplo, o veterano Pat Hingle, a par de duas emblemáticas presenças femininas, Kim Basinger e Jerry Hall.
Tudo isto sem esquecer, claro, que “Batman” se distinguiu como uma invulgar proeza musical: as peças instrumentais têm assinatura de Danny Elfman, estando as canções a cargo de Prince — eis o teledisco de “Batdance”.