João Lopes

Comentador SIC Notícias

Cultura

A Academia “premiou um telefilme de rotina”

A opinião do crítico João Lopes sobre a cerimónia dos Óscares, que atribuiu o prémio de Melhor Filme a “CODA – No Ritmo do Coração”.

A Academia “premiou um telefilme de rotina”

“CODA – No Ritmo do Coração” conqustou o Óscar de Melhor Filme na 94.ª edição dos prémios da Academia de Hollywood. Com 12 nomeações, “O Poder do Cão” era o favorito, mas apenas venceu o Óscar de Melhor Realização. “Um dos insólitos que resulta desta cerimónia e desta vitória, feita e muito bem em nome do cinema e da cinefilia, é que premiou um telefilme de rotina”, considera o crítico de cinema João Lopes, na análise à cerimónia dos Óscares feita na Edição da Manhã, na SIC Noticias.

Esta é a primeira vez que uma plataforma de streaming vence o mais importante prémio da Academia de Hollywood. Uma situação que, na opinião de João Lopes, mostra a importância destas plataformas e que
“o futuro da produção e da difusão vai jogar-se muito entre estes fatores”.

João Lopes mostra-se desapontado com a distinção atribuída a “CODA – No Ritmo do Coração” e refere: “A imprensa especializada, nos últimos dois, três dias, começou a dizer que “CODA” era um possível vencedor inesperado”.

“Um dos insólitos que resulta desta cerimónia e desta vitória, feita e muito bem em nome do cinema e da cinefilia, é que premiou um telefilme de rotina, feito com a competência profissional da indústria americana, mas creio que não é ofensivo dizer que, independentemente das emoções que o filme desperta, os americanos fazem algumas dezenas de filmes com o mesmo nível de produção ao longo do ano”, realça o crítico de cinema.

A cerimónia dos Óscares ficou marcada por um momento protagonizado pelo ator Will Smith. O apresentador e comediante Chris Rock falou da mulher do ator, que tem o cabelo rapado porque sofre de alopecia, uma doença que causa a queda repentina de cabelo, Will Smith não gostou e esbofeteou o apresentador.

Distinções da 94.ª edição dos Óscares

O filme de Sian Heder, para a plataforma Apple TV, que conta a história de uma família de surdos com uma filha adolescente que consegue ouvir, obteve os três óscares para os quais estava nomeado: Melhor Filme, Melhor Ator Secundário (Troy Kotsur) e Melhor Argumento Adaptado (Sian Heder).

Na contagem final, “Dune” revelou-se o filme mais premiado da noite, mas fora das principais categorias. Das dez nomeações, conquistou seis óscares: Melhor Cinematografia, Melhores Efeitos Especiais, Melhor Som, Melhor Banda Sonora Original, Melhor Montagem e Melhor Direção de Arte.

A cineasta neozelandesa Jane Campion recebeu o Óscar de Melhor Realização por “O Poder do Cão”, o único obtido pelo seu filme, uma produção Netflix, que reunia 12 nomeações, o maior número desta edição dos Óscares.

“Belfast”, de Kenneth Branagh, e “West Side Story”, a visão de Steven Spielberg do musical da Broadway e do filme de Robert Wise e Jerome Robbins, empatavam nas sete nomeações, e cada um obteve um Óscar: “Belfast”, Melhor Argumento Original (Kenneth Branagh), e “West Side Story”, Melhor Atriz Secundária (Ariana DeBose).

A produção japonesa “Conduz o meu carro”, de Ryusuke Hamaguchi, estava nomeada para quatro Óscares – Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Filme Internacional e Melhor Argumento Adaptado -, conquistando apenas o de Melhor Filme Internacional.

O designer luso-canadiano Luís Sequeira estava nomeado para o Óscar de Melhor Guarda-Roupa, pelo filme “Nightmare Alley”, de Guillermo del Toro, mas o prémio foi entregue a Jenny Beavan, por “Cruella”.

Os óscares de melhores atores foram para Will Smith, pelo desempenho no filme “King Richard: Para além do jogo”, e Jessica Chastain, por “Os Olhos de Tammy Faye” – filme que arrecadou duas estatuetas, com Melhor Caracterização.

Os vencedores contam também com “Encanto”, de Jared Bush, Óscar de Melhor Longa-Metragem de Animação, e “The Windshield Wiper”, como Melhor Curta-metragem de Animação.

Billie Eilish e Finneas O’Connell conseguiram o Óscar de Melhor Canção Original com “No Time to Die”, a ‘canção-tema’ de “Sem Tempo Para Morrer”, o mais recente filme da saga 007.

Lista dos vencedores:

  • Melhor Filme: “CODA – No Ritmo do Coração”
  • Melhor Realização: Jane Campion – “O Poder do Cão”
  • Melhor Atriz: Jessica Chastain – “The Eyes of Tammy Faye”
  • Melhor Ator: Will Smith – “King Richard”
  • Melhor Ator Secundário: Troy Kotsur – “CODA – No Ritmo do Coração”
  • Melhor Atriz Secundária: Ariana DeBose – “West Side Story”
  • Melhor Argumento Original: “Belfast”
  • Melhor Argumento Adaptado: “CODA – No Ritmo do Coração”
  • Melhor Cinematografia: “Dune”
  • Melhor Montagem: “Dune”
  • Melhor Filme Internacional: “Drive my Car”
  • Melhor Documentário em Longa-metragem: “Summer of Soul”
  • Melhor Documentário em Curta-metragem: “The Queen of Basketball”
  • Melhor Filme de Animação: “Encanto”
  • Melhor Curta-metragem de Animação: “The Windshield Wiper”
  • Melhor Curta-metragem: “The Long Goodbye”
  • Melhor Banda Sonora Original: “Dune” – Hans Zimmer
  • Melhor Canção Original: “No Time to Die” — (“No Time to Die”)
  • Melhor Direção de Arte: “Dune”
  • Melhor Guarda-Roupa: “Cruella”
  • Melhores Efeitos Especiais: “Dune”
  • Melhor Som: “Dune”
  • Melhor Caracterização: “The Eyes of Tammy Faye”