A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas espera apresentar, ainda esta semana, uma decisão sobre a agressão do ator premiado Will Smith ao comediante Chris Rock. O conselho da Academia vai reunir-se esta quarta-feira para discutir as implicações do incidente e as medidas a serem tomadas contra Smith.
Após a Academia ter emitido uma declaração a condenar a agressão que manchou a 94.ª cerimónia dos Óscares, os internautas questionam se existe a possibilidade do galardão ser retirado a Will Smith.
The Academy does not condone violence of any form.
— The Academy (@TheAcademy) March 28, 2022
Tonight we are delighted to celebrate our 94th Academy Awards winners, who deserve this moment of recognition from their peers and movie lovers around the world.
A decisão será conhecida após a reunião dos 55 membros do conselho da Academia. Todavia, a atriz Woopi Goldberg, que integra o conselho, afasta essa possibilidade.
“Haverá consequências, tenho a certeza, mas não acho que é isso que farão. Especialmente porque Chris Rock disse que não vai apresentar queixa”.
A Academia proíbe qualquer tipo de agressão e, de acordo com os estatutos da organização, as ações disciplinares podem incluir “suspensão da qualidade de membro ou expulsão da qualidade de membro”.
Após a agressão transmitida em direto, Will Smith sujeitou-se a um julgamento da opinião pública e a um escrutínio à sua pessoa. O publicista de cinema, Charles McDonald, considera que a sólida carreira de Smith pode “sobreviver”.
“Penso que as pessoas têm uma grande afeição por ele. Não pode recorrer a uma violência como esta, obviamente, e à linguagem que usou depois, apesar da provocação. Mas penso que haverá simpatia por ele”.
A ACADEMIA JÁ APLICOU MEDIDAS DISCIPLINARES NO PASSADO?
Harvey Weinstein
Harvey Weinstein passou de respeitado magnata de Hollywood a criminoso, quando as denúncias de assédio sexual e moral na indústria cinematográfica vieram à superfície. Perante as fortes acusações, a Academia decidiu punir o artista.
Consequentemente, em 2017, a Academia adotou um novo código de conduta.
“Não há lugar na Academia para pessoas que abusem do seu estatuto, poder ou influência de uma forma que viole as normas reconhecidas de decência“.
Essa foi a única medida aplicada pela Academia. Quanto aos 81 Óscares partilhados entre a Miramax e The Weinstein Company, estes não foram retirados. Também não teve de abdicar do Óscar de melhor filme pelo seu papel de produtor em “Shakespeare in Love”.
Roman Polanski
Acusado de abuso sexual de menores, o caso de Roman Polanski remonta a 1977, mas após a nova conduta de 2017, a Academia decidiu destituí-lo de membro da organização.
Polanski ganhou o Óscar de melhor diretor do filme “The Pianist”, em 2002, quase 30 anos após a sua condenação. Todavia, o prémio nunca lhe foi retirado.
Bill Cosby
Como Polanski, Bill Cosby teve o mesmo tratamento por parte da Academia após ser acusado de assédio sexual por parte de de dezenas de mulheres.
O ator chegou a ganhar dois Globos de Ouro, mas nunca foi indicado para um Óscar. Apesar de acumular trabalhos nos cinemas, foi na televisão com a série “The Cosby Show”, na qual fez carreira como humorista.
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