O vencedor da 34ª edição do Prémio Camões 2022 é o escritor brasileiro Silviano Santiago. O anúncio foi feito esta segunda-feira.
“Silviano Santiago, além de escritor com uma obra literária com vários prémios nacionais e internacionais (Jabuti, Oceanos, etc.), é um pensador capaz de uma intervenção cívica e cultural de grande relevância, com um contributo notável para a projeção da língua portuguesa como língua do pensamento crítico, no Brasil e fora dele (nos países ibero-americanos, africanos, nos Estados Unidos e na Europa)", lê-se na nota enviada às redações pelo Ministério português da Cultura, citando o júri da 34.ª edição do Prémio Camões.
Ensaísta, romancista e contista, Silviano Santiago nasceu em 1936, em Formiga, Minas Gerais, Brasil.
Doutorado em Letras Francesas pela Universidade de Sorbonne, de Paris, em 1968, com uma tese sobre "Os Moedeiros Falsos", de André Gide, a biografia divulgada pelo Prémio Camões identifica-o igualmente como bacharel em Letras Neolatinas pela Universidade Federal de Minas Gerais (1959), com especialização em Literatura Francesa, como bolseiro do Centre d`Études Supérieures de Français, no Rio de Janeiro, entre 1960 e 1961.
O Prémio Camões junta-se agora a outros que Silviano Santiago recebeu como o Jabuti 2017, o Prémio Oceanos em 2015, com o romance "Mil Rosas Roubadas", e o segundo lugar do Prémio Oceanos, em 2017, com "Machado", sobre Machado de Assis.
Nos últimos anos, foram galardoados com o Prémio Camões: Paulina Chiziane (2021), Vítor Aguiar e Silva (2020), Chico Buarque de Holanda (2019), Germano Almeida (2018), Manuel Alegre (2017), Radouan Nassar (2016), Hélia Correia (2015), Alberto Costa e Silva (2014), Mia Couto (2013); Dalton Trevisan (2012); Manuel António Pina (2011); Ferreira Gullar (2010) e Arménio Vieira (2009).
O primeiro-ministro António Costa já felicitou o escritor brasileiro Silviano Santiago. “Merecido reconhecimento para uma obra e uma vida dedicadas à literatura, enquanto romancista, ensaísta e professor”, escreveu no Twitter.
O Prémio Camões, instituído por Portugal e pelo Brasil em 1989, é o prémio de maior prestígio da língua portuguesa. Com a sua atribuição, é prestada anualmente uma homenagem à literatura em português, recaindo a escolha num escritor cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento da língua portuguesa. O primeiro atribuído, em 1989, foi ao escritor Miguel Torga.
O júri da 34.ª edição do Prémio Camões reuniu-se esta segunda-feira e foi constituído pelos professores universitários portugueses Abel Barros Baptista e Ana Maria Martinho, da Universidade Nova de Lisboa, a são-tomense Inocência Mata, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, os brasileiros Jorge Alves de Lima, membro da Academia Paulista de História e da Academia Campinense de Letras, e membro do Conselho Científico do Centro de Memória da Unicamp, que presidiu o júri, Raúl Cesar Gouveia Fernandes, do Departamento de Ciências Sociais e Jurídicas do Centro Universitário FEI, em São Bernardo do Campo, e a moçambicana Teresa Manjate, docente e investigadora na Universidade Eduardo Mondlane.
O Brasil lidera a lista de distinguidos, com 14 premiados, seguindo-se Portugal, com 13 laureados, Moçambique, com três, Cabo Verde, com dois, mais um autor angolano e outro luso-angolano.
A história do galardão conta apenas com uma recusa, exatamente a do luso-angolano Luandino Vieira, em 2006.