Cultura

Editora norte-americana recusa publicar duas obras portuguesas

"Pão de Açúcar", de Afonso Reis Cabral, um dos livros recusados, conta uma história de ficção inspirada no caso real de Gisberta, transexual que em 2006 foi morta por um grupo de jovens no Porto. O autor fala em hipersensibilidade.

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Uma editora norte-americana recusou publicar dois livros de Afonso Reis Cabral. Rejeições acontecem, mas os motivos são surpreendentes.

"Pão de Açúcar", lançado em 2018 deu no ano seguinte o Prémio José Saramago a Afonso Reis Cabral. Uma história de ficção inspirada no caso real de Gisberta, transexual que em 2006 foi morta por um grupo de jovens no Porto.

Nos Estados Unidos, uma editora recusou-se a traduzir o livro e uma das justificações é que foi uma pessoa cisgénero - que se identifica com o género com que nasceu - a escrever sobre uma pessoa transgénero.

Poeta transexual compreende justificação

Em entrevista à SIC, André Tecedeiro, poeta transexual, revela que alinha pela liberdade do autor, mas compreende outra das justificações da editora norte-americana para não traduzir o livro: Não ter encontrado uma pessoa LGBTQ falante de português para escrever um relatório de sensibilidade.

A nega com dois anos foi tornada pública pelo diretor-geral do grupo que edita Afonso Reis Cabral, numa altura em que obras de autores como Ian Flemming, Agatha Christie, Roald Dahl e Enid Blyton, estão a ser reescritas para retirar palavras que possam ser ofensivas.

Outro dos livros recusados

"O Meu Irmão" de Afonso Reis Cabral, vencedor do prémio Leya em 2014, também foi recusado pela editora dos Estados Unidos, que considerou que a franqueza da obra com um personagem com síndrome de down poderia ser problemática.

Ambos os livros estão editados na Alemanha, Espanha, Itália e Brasil.