Cultura

Sessão de Cinema: “A Conferência”

Foi a 20 de janeiro de 1942 que oficiais e membros do governo alemão se reuniram para planificar a construção de campos de concentração — o filme de Matti Geschonneck evoca esse momento trágico.

Memórias da "Solução Final": o filme "A Conferência" combina rigor dramático e didactismo histórico
Memórias da "Solução Final": o filme "A Conferência" combina rigor dramático e didactismo histórico

Na história do Holocausto, a Conferência de Wannsee ficou como um momento decisivo. Foi, de facto, em Wannsee, uma zona especialmente acolhedora e idílica nos arredores de Berlim, que, no dia 20 de janeiro de 1942, se reuniu um grupo de altas patentes alemãs com o objectivo de discutir aquilo que chamaram a “Solução Final para a Questão Judaica”.

O filme “A Conferência”, de Matti Geschonneck, já disponível em streaming, evoca essa reunião através de um estilo que tem tanto de rigor dramático como de didactismo histórico. Assim, aqui confluem duas componentes que definem a monstruosidade do plano dos nazis: por um lado, os oficiais e membros do governo convocados por Reinhard Heydrich (uma das figuras mais poderosas das SS) analisam friamente os planos de construção dos campos de concentração onde seriam assassinadas milhões de pessoas; por outro lado, tudo isso acontece no espaço de poucas horas, com intervalo para café e bolinhos…

Curiosamente, o filme de Geschonneck começou por ser concebido como um objecto televisivo. O certo é que a qualidade dos seus resultados fez com que acabasse por ter alguma difusão nas salas de diversos países (incluindo Portugal). Acima de tudo, estamos perante um trabalho narrativo que sabe caracterizar com precisão e contundência um momento fulcral nas dinâmicas da Segunda Guerra Mundial — sem esquecer os variados talentos do elenco liderado por Philipp Hochmair, no papel de Heydrich.