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Sessão de Cinema: “Morte no Nilo”

São memórias de 1978: esta produção britânica, com um elenco internacional, foi um dos títulos emblemáticos do sucesso das adaptações de romances de Agatha Christie.

Peter Ustinov em terras egípcias, sob o signo de Agatha Christie
Peter Ustinov em terras egípcias, sob o signo de Agatha Christie

Recentemente, em 2022, surgiu uma adaptação de “Morte no Nilo”, um dos mais célebres romances de Agatha Christie, publicado em 1937. Com Kenneth Branagh a dirigir, interpretando também a figura do lendário detective Hercule Poirot, era uma produção internacional que tentava rentabilizar a popularidade de actores como Armie Hammer, Gal Gadot e Annette Bening.

Pois bem, vale a pena, por assim dizer, regressar às origens e revisitar (ou ver pela primeira vez) a versão de 1978, assinada por John Guillermin, nessa altura um realizador em alta, já que, dois anos antes, assinara um “remake” de “King Kong”, com Jessica Lange e Jeff Bridges. Também neste caso, o elenco é um caso série de acumulação de talentos. Por um lado, encontramos veteranos como Peter Ustinov (no papel de Poirot), Bette Davis ou David Niven; por outro lado, surgem nomes em fase de ascensão, como Mia Farrow, Lois Chiles e Jon Finch (que em 1972 protagonizara o fantástico “Frenzy”, de Alfred Hitchcock).

A acção decorre durante um cruzeiro no rio Nilo, durante o qual a jovem herdeira de uma fortuna aparece morta… Tudo acontece em ambiente de muitas formas de luxo e ostentação — o filme ganharia o Óscar de melhor guarda-roupa —, sendo escusado sublinhar que todos os passageiros são automaticamente suspeitos.

Com uma agilidade enraizada na melhor tradição dos enigmas policiais, Guillermin sabe, acima de tudo, não se ficar pela exibição dos requintes da produção, valorizando as ambiguidades das relações, as especificidades das personagens e, nessa medida, a versatilidade dos seus actores. Em resumo: são memórias de uma época em que, muito antes das sagas dos super-heróis, as adaptações de Agatha Christie definiam um género genuinamente popular.

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