Vários artistas finlandeses lançaram uma petição para banir Israel de participar na edição deste ano do Festival da Eurovisão. A ideia chegou a outros países que também subscreveram, nomeadamente a Suécia, país que acolhe o festival este ano.
A ideia de banir um país da participação na Eurovisão não é nova. A União Europeia de Radiodifusão (UER) baniu, em 2021, a Bielorrússia da competição por questões de violação da liberdade de imprensa da BTCR (emissora responsável pelo festival no país), e a Rússia, em 2022, devido à invasão da Ucrânia.
Assim, mais de 1.400 artistas finlandeses assinaram uma petição a pedir que a UER banisse Israel da Eurovisão devido aos crimes de guerra em Gaza.
“Israel viola os direitos humanos e não achamos correto que utilize o concurso para polir a sua imagem”, disse o autor da petição, Lukas Korpelainen, a um jornal de Helsínquia, capital finlandesa.
Os finlandeses pediram à YLE, emissora nacional, para agir junto da UER, apelando à necessidade de se posicionar contra a participação de Israel, afirmando que se Israel não for banido, a Finlândia poderá mesmo deixar de participar. A UER responde que os destinatários dos concursos são as emissoras e não os governos.
A petição foi também assinada por Olly Alexander, vocalista da banda Years & Years que irá representar o Reino Unido na Eurovisão 2024. Além de assinar a petição, acrescentou que “Israel é um regime de apartheid”. A BBC está agora a ser pressionada para retirar o cantor da competição.
A embaixada de Israel em Londres reagiu, dizendo que neste momento "a decisão da BBC de enviar um participante para a Eurovisão que defende visões tão parciais de Israel e promove uma linguagem tão pouco humana dos israelitas é um caso de grande preocupação".
Na Suécia, a petição já registou mais de mil assinaturas, entre as quais de cantores, músicos, bailarinos, entre outros profissionais ligados à cultura.
Num comunicado publicado no jornal sueco Aftonbladet, os artistas constatam que a Eurovisão nasceu como um projeto de paz para a união de países e cidadãos através da música e que a participação de Israel mina não só a própria competição, mas também a missão de serviço público, podendo enviar "também o sinal de que os governos podem cometer crimes de guerra sem consequências".
"O facto de os países que desrespeitam o direito humanitário serem bem-vindos a participar em eventos culturais internacionais banaliza as violações do direito internacional e torna invisível o sofrimento das vítimas".
A SVT, emissora sueca, emitiu um comunicado, dizendo que seguem as diretivas da UER.
"Estamos a trabalhar para garantir que este projeto decorra da melhor forma possível, com a visão de que a música une", refere.
A UER disse à revista Vulture que entende as preocupações relacionadas com o conflito no Médio Oriente, mas que está "empenhada em garantir que a Eurovisão continua a ser um evento não-político, onde são os artistas que competem entre si, não os governos".
Esta não é a primeira vez que os países concorrentes apelam para a expulsão de Israel na competição de música europeia. Em 2018, na final realizada em Lisboa, com a participação e vitória de Netta, caberia a Israel acolher a Eurovisão no ano seguinte. Já na altura, ativistas internacionais apelaram ao boicote a Israel para a edição seguinte através de uma carta publicada no The Guardian.
A 68.ª edição do Festival Eurovisão da Canção acontece na Suécia, em Malmö, de 7 a 11 de maio de 2024.