O filme "20 days in Mariupol", do jornalista ucraniano Mstyslav Chernov, sobre o cerco à cidade ucraniana durante a invasão militar russa, venceu esta noite o Óscar de Melhor Documentário, da Academia de Cinema de Hollywood.
"Sou o único realizador aqui que gostaria de nunca ter feito este filme", disse Mstyslav Chernov ao receber o Óscar, afirmando que preferia que a Rússia nunca tivesse invadido a Ucrânia e ocupado as suas cidades, e que nunca tivesse feito reféns civis e militares.
"Mas não posso alterar a História nem o passado", prosseguiu Chernov.
"Todos juntos, porém, podemos fazer com que a História tome o rumo devido e que a verdade perdure".
O jornalista e realizador apelou ainda a que os habitantes de Mariupol jamais sejam esquecidos. E concluiu: "O cinema cria memória e a memória faz a História".
O Óscar de Melhor Documentário é o primeiro conquistado por um cineasta ucraniano e é também o primeiro a distinguir o trabalho de uma agência de notícias, no caso a Associated Press, que soma 178 anos de história.
"20 Days in Mariupol" competia com "Bobi Wine: The People's President", "The Eternal Memory", "Four Daughters" e "To Kill a Tiger".
O Óscar de Melhor Curta-Metragem Documental foi para "The Last Repair Shop", que venceu sobre "The ABCs of Book Banning", "The Barber of Little Rock", "Island In Between" e "Nai Nai & Wài Pó".
Wes Anderson, o realizador de "Asteroid City" e "Grand Budapeste Hotel", conquistou o primeiro Óscar da sua carreira com a curta-metragem de ficção "A Incrível História de Henry Sugar".
"A zona de interesse", vencedor do Óscar de Melhor Filme Internacional, obteve o seu segundo óscar com o Melhor Som.
O filme, inspirado no romance homónimo do escritor britânico Martin Amis, tem no som o seu elemento mais dramático, ao tornar evidente toda a ação do campo de extermínio nazi, por oposição à banalidade da vida quotidiana da família de Rudolf Höss, o comandante de Auschwitz durante a II Guerra Mundial, que domina a imagem.
Nesta categoria, "A zona de interesse" bateu "The Creator", "Maestro", "Missão Impossível - Ajuste de Contas: Parte Um" e "Oppenheimer".
"Oppenheimer" obteve o seu terceiro Óscar pela Melhor Fotografia, batendo filmes como "Assassinos da lua das flores", "Maestro" e "Pobres criaturas", e o quarto, de Melhor Banda Sonora Original, para o compositor Ludwig Göransson, passando à frente de "Pobres Criaturas", que conta com um fado de Carminho, "American Fiction", "Indiana Jones e o marcador do destino" e "Assassinos da lua das flores".
Billie Eilish e o seu irmão Finneas O'Connell conquistaram o segundo Óscar da sua carreira com a canção "What was I made for?", escrita para "Barbie", o que deu ao filme de Greta Gerwig o seu primeiro Óscar.