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O mundo está de "pernas para o ar" e PZ prevê que o fim seja em cuecas

Nos últimos tempos, o mundo que nós conhecemos está diferente. Temas fraturantes como as guerras no Leste europeu e no Médio Oriente e a instabilidade política vivida em Portugal, inspiraram o músico português PZ na conceção do seu sétimo álbum, “O Fim do Mundo em Cuecas”.

O mundo está de "pernas para o ar" e PZ prevê que o fim seja em cuecas
Reprodução site pzpimenta.com

Paulo Zé Pimenta, mais conhecido por PZ, está no mundo da música desde os 16 anos. Com apenas um sampler, começou no seu quarto a produzir instrumentais eletrónicos. Em entrevista à SIC Notícias, o músico que já conta com uma carreira de quase duas décadas revela como foram os seus primeiros passos e de como uma depressão pós-universidade o levou a lançar o seu primeiro álbum.

“Fui autodidata. Aprendi sozinho a tocar guitarra e piano, e também a mexer com plug-ins e depois a gravar”, começou por dizer o artista de 44 anos.

“O ‘Anticorpos’, lançado em 2005, foi o meu primeiro álbum. Já lá vão quase 20 anos. Foi importante para mim, porque na altura também estava a recuperar de uma grande depressão, que tive depois de ter saído da universidade”, acrescentou.

Um artista multifacetado, que depois de vários projetos e discos lançados, em 2024, trouxe cá para fora o seu sétimo álbum: “O Fim do Mundo em Cuecas”.

Numa nova etapa na sua carreira pijamística, PZ manteve a sonoridade dos anteriores trabalhos. Com a ironia habitual nas letras e mais experimentado, desta vez acrescentou o toque da guitarra portuguesa, bem audível no tema “Indo Eu”.

“São as minhas observações da realidade”

“O Fim do Mundo em Cuecas” foi lançado em fevereiro, numa altura em que o mundo, incluindo Portugal, vive momentos conturbados, com instabilidades políticas e sociais. PZ refere que o seu álbum chegou numa altura certa e que este trabalho é o culminar das suas observações da sociedade.

“Este trabalho incide muito sobre a política, mas a música para mim sempre foi um escape. São as minhas observações da realidade e cada álbum representa um bocadinho das fases diferentes da minha vida e com tudo o que se está a passar na Ucrânia e em Israel. Parece que às vezes estamos mesmo no fim do mundo. E esta foi a minha reação”, explicou.

Uma campanha “dentro da caixa”

Para promover este novo trabalho, PZ não optou por uma campanha convencional e deu início ao fim do mundo em cuecas, literalmente.

Lançou uma caixa que contém uma peça de roupa interior com um design único, com os nomes dos 20 temas incluídos no álbum. Pelo meio de todos os desenhos, está um QR Code que permite descarregar digitalmente todas as músicas.

O músico conta que este disco é o projeto mais intimista da sua carreira. E nada melhor que uma peça de roupa íntima para o apresentar.

"É literalmente o fim do mundo em cuecas. É a edição fonográfica mais intimista de sempre na história das edições fonográficas, em que uma pessoa pode fazer o download para sua edição física deste fim do mundo em cuecas", explicou.

Para além da caixa com as “cuecas do fim do mundo”, PZ também criou os frascos de 'PU', em alusão a um dos seus singles.

Os frascos de PU são, nada mais nada menos que, recipientes ”com um gás natural fornecido por algumas figuras públicas".

Benedita Pereira, Inês Castel-Branco, Carolina Torres e Nuno Markl são algumas das pessoas que “forneceram o seu PU" para ir a leilão. Os valores arrecadados na campanha revertem na totalidade para a União Audiovisual, uma associação de cariz social e cultural, de apoio aos profissionais da cultura, espetáculos e eventos.

“Voltar ao Festival da Canção? Se me convidarem, vou de pijama”

Em 2022, participou no Festival da Canção, sob o alter ego “O Vampiro Submarino”, tendo alcançado um nono lugar na segunda meia final. Apesar de não ter seguido para a final, o músico mostra-se feliz pela prestação e deixa no ar uma possível participação no futuro como PZ, caso o convite surja, mas desta vez com um "figurino apropriado”.

Convidaram-me para participar no Festival da Canção. Acho que a ideia que eles tinham era que fosse em modo PZ, mas na altura não estava muito confortável com a ideia de aparecer lá de pijama. Na altura foquei-me muito no ‘O Vampiro Submarino’, por isso achei que fazia sentido levá-lo ao festival, até para mostrar este novo lado de mim. Aliás, a música chamava-se ‘Ao Lado de Mim’ e estou super orgulhoso", contou

"Acho que foi das melhores coisas que fiz, mas se calhar estavam à espera que fosse como PZ. Mas talvez mais tarde, nunca se sabe. Se me convidarem outra vez, apareço lá de pijama", atirou.

Depois de um Porto esgotado, segue-se Lisboa com muitas surpresas

No início de março, o artista encheu o Maus Hábitos, no Porto, num concerto em que apresentou os temas deste último trabalho mas também foi ao baú buscar os primeiros hits, como o inevitável “Croquetes” ou “Dinheiro”.

No dia 15 de março, será a vez de Lisboa e o LuxFrágil receberem um PZ, que promete a mesma toada aplicada na Invicta.

"O Porto foi único. Esgotámos os Maus Hábitos, foi espetacular. Agora no LuxFrágil vai ser a mesma receita. Vou tocar muitas deste novo trabalho mas também estarão algumas das antigas. Vou ter um pu solidário. Vou leiloar o meu pu. Mas também vai haver “dinheiro”, muitas notas vão voar", finalizou.