Cultura

Procissão dos Caracóis na Batalha inscrita como Património Cultural Imaterial

Em março de 2022, o Município da Batalha, no distrito de Leiria, anunciou que iria iniciar o processo de classificação da Procissão dos Caracóis como Património Cultural Imaterial.

Procissão dos Caracóis na Batalha inscrita como Património Cultural Imaterial
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A Procissão dos Caracóis, no Reguengo do Fetal, na Batalha, foi inscrita como Património Cultural Imaterial, refere um anúncio publicado esta sexta-feira em Diário da República.

Segundo o documento, foi decidido inscrever a manifestação "Procissão Noturna de Nossa Senhora do Fetal", conhecida como Procissão dos Caracóis, no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, por proposta do Departamento dos Bens Culturais do Património Cultural, IP.

Através do despacho assinado pelo presidente do conselho diretivo do Património Cultural, João Soalheiro, adianta-se que a decisão destaca "a importância de que se reveste esta manifestação do património cultural imaterial enquanto reflexo da identidade da comunidade envolvente e a sua profundidade histórica e evidente relação com outras práticas inerentes à comunidade".

Numa nota de imprensa, a Câmara da Batalha divulgou, em abril, que a autarquia, "através do Museu da Comunidade Concelhia da Batalha, submeteu em janeiro de 2024 a candidatura para a inscrição desta festa religiosa no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, com a colaboração da Junta de Freguesia de Reguengo do Fetal, da Comissão da Igreja Paroquial do Reguengo do Fetal e da comunidade desta freguesia e seus emigrantes".

"O processo de candidatura obedeceu a um criterioso formulário que esclarece a importância histórica, devocional e patrimonial desta manifestação religiosa, acompanhado de fontes escritas, orais, 'webgrafia', fotografias, artigos e peças divulgadas na comunicação social, filmes, documentários e arquivos sonoros", adiantou.

Em março de 2022, o Município da Batalha, no distrito de Leiria, anunciou que iria iniciar o processo de classificação da Procissão dos Caracóis como Património Cultural Imaterial.

A festa em honra da Senhora do Fetal é sempre no primeiro domingo de outubro. As procissões são nos dois sábados anteriores, ambas noturnas.

A primeira procissão, depois do "apagão" da iluminação pública, conduz a imagem de Nossa Senhora Fetal do santuário com o mesmo nome para a Igreja Paroquial.

No sábado seguinte, a procissão repete-se, mas em sentido contrário.

Milhares de cascas de caracóis enchidas, previamente, de azeite e com pavio, são acesas pela população antes da passagem da procissão.

As cascas de caracóis ocupam terrenos, muros ou paredes, formando motivos ou palavras ligadas à vida da freguesia, à Igreja e outros temas, num percurso de cerca de 800 metros.

Em setembro de 2023, em declarações à agência Lusa, a conservadora do Museu da Comunidade Concelhia, Ana Moderno, afirmou que a Procissão dos Caracóis terá iniciado no século XIX, "mas a devoção a Nossa Senhora do Fetal é bastante mais antiga e vem na sequência da crença do milagre" da santa "a uma pastorinha pobre".

De acordo com Ana Moderno, esta devoção deu depois origem à criação do santuário com o mesmo nome.

"Era um santuário de grande devoção, de grande peregrinação nesta zona, muito antes de Fátima", a cerca de 11 quilómetros, cujos acontecimentos remontam a 1917, referiu.